quinta-feira, 31 de outubro de 2024

História da Palestina Moderna - Excertos do Livro de Ilan Pappe

O Surgimento da Palestina Moderna - A Versão Comum

A historiografia da Palestina começa quando da incursão de Napoleão pela Palestina e Síria no final do século 18.

Mas o papel de modernizar a Palestina foi realizada pelo governante Muhammad Ali (de onde o lutador se inspirou), que trabalhava a serviço do sultão otomano no período de 1831 a 1840.

Foi seu filho Ibrahim Pasha quem grandes modernizações, como a introdução de reformas na agricultura, taxação centralizada de impostos, estradas mais seguras e um sistema constitucional, que permitia representações de cristão e judeus.

Contudo, o antigo sistema foi restaurado, graças ao países europeus, que derrotaram os reformistas otomanos e substituíram Ibrahim.

Foto de Ibrahim, por volta de 1848.

Os europeus voltaram com status quo anterior da Palestina, mas permitiram que a modernização continuasse a todo vapor.

Os reformistas otomanos, que funcionaram do ano de 1830 até pelo menos 1876 e criaram novas realidades sociais e políticas na Palestina. Essas reformas foram conhecidas como Tanzimat que eram principalmente um esforço  de organizar e centralizar o poder do império, que estavam ameaçado de desintegrar sob pressão de governantes locais, movimentos nacionais embrionários e os gananciosos imperialistas europeus.

Os agente da mudança eram os governantes reformistas de Beirute e Damasco, as duas capitais regionais, que compartilhavam o poder. Outros agentes da modernização eram os cônsules europeus, que estavam lá desde 1830, assim como banqueiros e mercadores europeus  e que começaram a chegar um pouco antes da Guerra da Criméia (1853-1856). Esta guerra foi um fator catalisador, que ajudou a acelerar o processo de mudanças.

A Tanzimat significou o declínio do poder otomano na Palestina e a ascensão do interesse europeu na região, com uma integração econômica com a Europa, mas também tendo a interferência junto aos assuntos locais e política central.

Ao passo que os governantes egípcios, os reformistas otomanos e os consules europeus, juntamente com os banqueiros estavam trazendo a mensagem e a influência europeia, a elite local, essas forças reacionárias impediram a execução desse processo.

Depois, começaram a vir os primeiros sionistas, que demonstravam sua ambição pela região e com o Mandato Britânico depois da Primeira Guerra Mundial (mesmo depois de Thomas Lawrence, o Lawrence da Arábia, quis unificar o povo árabe e depois traído pelos ingleses) foram o último fator modernizante na região e na narrativa da Palestina pré 1948. Essas influências e ambições geraram um
reagrupamento da comunidade árabe na região, chefiado por Amin al Husayni, que se tornou o movimento nacional palestino, criando duas partes distintas, a Palestina e a Sionista. 

Foto de Amin em 1929 ao lado.

No começo a Guerra da Criméia, existiam cerca de 500.000 pessoas na terra da Palestina. A maioria era mulçumana, mas havia 60 mil cristãos de várias denominações e cerca de 20 mil judeus. Esses todos tinha que tolerar a presença dos soldados e oficiais turco otomanos, assim como 10 mil europeus. Os otomanos tinham três regiões administrativas: Jerusalém, Nablus e Acre. Em cada uma delas uma cidade grande  como capital. Além dessas cidades havia outras famosas cidades como Hebron, Haifa, Jafa e Gaza.

As pessoas viviam uma vida pastoral autônoma, com relativa homogeneidade de estilo e propósito. Cerca de 400 mil habitavam a áreas rurais, que se espalhavam nas encostas das montanhas e nos pequenos vales entre elas.

A vida se desenrolava ao redor da família e os assuntos das famílias eram resolvidas pelo seu clâ (hamula). Variavam em tamanha e alguns tinha sub-clãs. Um clã poderia se estender por mais de um vilarejo ou um simples vilarejo poderia ter vários clãs. O clá é que determinava o modo de viver a menos que forças externas intervissem.

A característica mais interessante da vida comunal era o sistema musha' , um método de cultivo voluntário baseado na rotação de lotes de terra de propriedade coletiva, a fim de que todos pudessem a cada vez ter o benefício das parte mais férteis.