domingo, 25 de novembro de 2007

Iniciando o Piloto de Star Trek - 1ª parte

Depois de algum tempo fora do ar com meu blog (problemas de formatação do meu HD e com minha multifuncional) estou de volta com a continuação da história de Jornada nas Estrelas. Abaixo, começamos com o capítulo em que se iniciam os preparativos para a filmagem do espisódio-piloto. Esta 1ª imagem abaixo é a de Susan Oliver (atriz do episódio), de Gene Roddenberry ao lado direito dela, logo mais à direita o diretor Robert Butler e a seguir Bob Justman.Bom dirvertimento!

HERB: A Desilu tinha sua equipe para produção do Show da Lucy. Esta equipe, embora profissional, não estava à altura das exigências e necessidades técnicas para o piloto de Star Trek. Basicamente, eu e Gene deveríamos enfrentar o desafio de começar do zero uma equipe de produção. Precisamos começar do começo. Precisávamos de um diretor.

Robert Butler foi escolhido por Gene Roddenberry e Solow depois de várias conversas com a NBC e com a agência de talentos Ashley-Famous. A NBC gostava muito de Butler. Ele tinha bastante experiência e bons trabalhos feitos. Ele era calmo e cuca fresca. Quando começou a produzir , nada parecia desanimá-lo, nada parecia querer enviá-lo de volta ao seu agente, dizendo, “Aonde você me enfiou?”. Etapa 1 completada.

O próximo passo foi escolher o pessoal de criação: o designer de produção-diretor de arte. Roddenberry tinha escrito sobre a nave estelar Enterprise, mas não era capaz de visualizar como iria parecer a nave. Depois, com a ajuda de revistas de ficção científica, ele pode ter alguma idéia do que poderia ser. Veja imagem da revista Science Fiction plus abaixo.

Enquanto que Pato Guzman ( o diretor de arte do Show da Lucy), desenharia os sets, coube ao

designer de sets Walter “Matt” Jefferies (um desenhista, artesão, ilustrador e aviador) a tarefa de desenhar a nave espacial. Tudo que Gene não queria, é que ela se parecesse com um nave tipo Flash Gordon e que fosse movida a foguetes. Depois de várias idas e vindas de Matt à sala de Gene, chegaram finalmente a uma idéia.

Com isto resolvido, fomos conversar com o designer de figurino, William Ware Theiss. Felizmente, ele estava disponível. Ele era um grande “mago dos panos e retalhos”. Coube a ele, então, a desenhar os figurinos que deveriam ser completamente diferentes de tudo que já se viu na TV. “ E , a propósito, Bill, faça tudo com economia de dinheiro. Orçamento baixo, sabe como é.” Seus desenhos permitiam que as mulheres mostrassem bastante seus corpos, sem que infringissem os códigos morais da rede NBC. (Veja imagem abaixo).


O próximo passo seria contratar o produtor associado. Solow pediu a James Goldstone, um de seus amigos, a recomendar algum profissional.”Converse com Bob Justman. Ele é quem você quer,” aconselhou Goldstone.

BOB: Jim Goldstone me disse que eu receberia um telefonema de uma pessoa chamada Gene Roddenberry. “Ele está preparando um piloto de ficção científica e está procurando um bom produtor associado. Eu menti e disse a ele que você era o melhor.”

“Você tem bom gosto, Jimmy. Que é este Roddenberry? Nunca ouvi falar dele.”

“Você vai gostar dele,” disse ele. “Eu dirigi “O Tenente” para ele na MGM. Ele é inteligente e diferente. Pode ser um grande passo para você.”

Gene telefonou e eu concordei em encontrá-lo na Desilu durante minha hora de almoço. Ao ir para lá, fiquei pensando em crescer na minha carreira.

Quando cheguei ao seu escritório, ele se levantou e apertou minha mão.”Olá, Bob. Sou Gene Roddenberry.” Ele era muito alto quando sorria, parecia agradável. Goldstone estava certo. Gene era inteligente. Falava calmamente, filosoficamente. Perguntou-me sobre minha carreira e o que eu queria fazer no futuro.

Gene fumou durante todo nosso encontro. Seus dedos magros e compridos seguravam o cigarro de uma forma bem diferente, a meio caminho entre os dois dedos médios. Quando ele trazia o cigarro para a boca, os outros dedos da mão ficavam esticados e cobriam o rosto, do nariz até o queixo.

Depois de conversamos por trinta minutos sobre assuntos variados, ele me perguntou se eu aceitaria o cargo de produtor associado para o seu piloto.

Interessado? Mude para desesperado! Eu tinha me dado mais um ano para mudar meu destino no negócio de filmes. Mas, eu sabia que ainda não tinha o conhecimento extensivo de uma pós-produção que este piloto precisava: seria a coisa errada a fazer. Expliquei isto a Gene e não aceitei sua oferta.

Antes de sair, eu indiquei a ele meu amigo, diretor e expert em efeitos fotográficos de pós-produção Byron Haskin.

Por estranha coincidência, a caminho de sair do estúdio, encontrei com Byron entrando.

“E aí, Byron. Que está fazendo?”

“Olá, Bobby. Vou ver um cara com um nome estranho, Rodenberg ou Rosenberg.... uma coisa assim. Não sei. Talvez algum amador que não sabe das coisas e precisa de mim para salvar o traseiro.”

“Bem, boa sorte, Byron.” Eu sorri. Eu não mencionei a ele onde tinha estado. Voltei para meu cargo atual e Byron aceitou o trabalho de Produtor Associado de Gene.


HERB: Muito do jargão de Hollywood não é bem descritivo. Por exemplo, diretor assistente. Ele realmente não ajuda o diretor a dirigir. Embora ele ensaie ações de fundo em cenas que precisem de atores “extras”, um diretor assistente é como se fosse um guarda de trânsito, certificando-se de que tudo e todos estejam programados, prontos e nos seus lugares para que possa passar o set ao diretor. Um ótimo diretor assistente é uma bênção; um ruim é uma desgraça. O piloto de Star Trek precisava de um ótimo.

Verifiquei com amigos produtores e diretores pela cidade. Recebi vários “talvez” e duas indicações firmes. Um “talvez” e as duas firmes eram Bob Justman.

Conversei com Gene Roddenberry. “Não era o camarada que você queria como produtor associado?” Ele me disse que Bob Justman tinha voltado a trabalhar para Leslie Stevens. Ele está como diretor assistente.” Gene comentou. “Não acho que você vai consegui-lo.”

Gene zombou da minha confiança. “Se eu não conseguir Justman, eu te pago o jantar. Se eu conseguir o Justman, você me paga um almoço.”

Na verdade, eu dei uma enganada nele. O que ele não sabia é que eu tinha uma vez dado uma grande ajuda ao chefe de Justman, Leslie Stevens. Liguei para ele.

“Leslie, preciso de um favor. Você tem uma pessoa trabalhando para você, chamado Justman, um diretor assistente. Nós aqui estamos preparando o piloto de Star Trek e eu preciso dele.”

“Bem, eu não sei. Por quanto tempo?”

“Com as preparações, filmagem e algum ajustes finais, calculo que preciso emprestá-lo por não mais que um mês, no máximo. Lembre-se, Leslie, é só um empréstimo e ele será seu novamente.”

Leslie concordou com a transferência temporária e assim, telefonei a Justman. Eu nunca havia falado com ele, desta forma, eu me apresentei e disse a ele que ele estaria vindo para cá.


BOB: Herb Solow me telefonou do nada. Nunca tinha ouvido falar dele antes e ali estava ele, falando comigo como se me conhecesse há anos: Olá, Bob. Como tem estado? Quem? Herb Solow. Pode me chamar de Herb. Soube através de minhas fontes que você é muito bom – pelo menos o que me disse James Goldstone.É claro, que eu e você sabemos que James é um grande mentiroso. De qualquer maneira, você estaria disposto a ser o nosso diretor assistente?”

Eu disse a Herb que eu não estava disponível. A resposta dele? “Sem problemas, Bob. Eu já falei com Leslie. Está tudo arranjado. Venha até meu escritório na Desilu amanhã de manhã. Aquele “não mais que um mês” iria se tornar mais que 3 anos em Star Trek e depois ajudando Star Trek: A Nova Geração, mais de 20 anos depois.


Não perca a 2ª parte deste capítulo – Iniciando o Piloto de Star Trek – na próxima semana.