sábado, 26 de novembro de 2011

Senhor do Mundo de Robert Hugh Benson Capítulo 1 - Parte 3

Senhor do Mundo
de Robert Hugh Benson


Capítulo 1  - Parte 3

Oliver ficou em pânico, assim como sua mãe, meia hora depois, ao saber da notícia de que um dos volors do Governo havia caido na praça da estação em Brighton logo após a chegada do trem das 14h30. Ele sabia muito bem o que isto significava, pois ele se lembrou de um acidente dez anos antes, logo após a lei sobre a proibição de volors privados tinha sido aprovada. Isto significava que toda a criatura vivente nele estava morta e provavelmente muitos mais no lugar onde caiu—e agora? A notícia era clara; ele certamente estaria na praça naquele momento.

Ele enviou uma mensagem para sua tia perguntando sobre novidades; e sentado, trêmulo na cadeira, esperava por resposta. Sua mãe sentava ao seu lado.

"Por favor Deus---" ela soluçou um pouco e ficou embaraçada quando ele a fitou.

Mas o Destino foi misericordioso e três minutos depois antes que o Sr. Philips se desse ao trabalho de dar uma resposta, a própria Mabel entrou na sala, um tanto pálida, mas sorrindo.

"Cristo!" gritou Oliver, dando um enorme soluço ao saltar da cadeira.

Ela não tinha muito a dizer para ele. Não havia ainda  anúncio sobre a explicação do desastre; parecia que as asas de um lado simplesmente deixaram de funcionar.

Ela descreveu a sombra, o silvo e a queda.

A seguir, parou.

“E então, meu bem?”, disse seu marido, ainda um tanto pálido no rosto ao sentar-se perto dela e afagar a mão dela.

“Havia um padre lá, “ disse Mabel. “ Eu o tinha visto antes, na estação.”

Oliver deu uma risada meio histérica.

“Ele ficou ajoelhado de imediato,” ela disse, “ com seu crucifixo, até mesmo depois que chegaram os médicos. Meu bem, as pessoas realmente acreditam nisso tudo?”

“Bom, eles acham que sim, “ disse seu marido.

“Isso foi tudo tão--tão de repente; e lá estava ele, como se ele estivesse esperando por tudo aquilo. Oliver, como é que eles podem?”

“Bom, as pessoas vão acreditar em qualquer coisa se começarem bem cedo.”

“E o homem parecia acreditar também – o moribundo, quero dizer. Eu olhei para seus olhos.”

Ela parou de falar.

"E aí, meu bem?"

"Oliver, o que você diz às pessoas quando elas estão morrendo?"

"Dizer! Ora,nada! O que posso dizer? Mas eu não acho que eu tenha visto alguém morrer."

“Nem eu até hoje,” disse a moça, tremendo um pouco. “O pessoal da eutanásia chegou logo.”

Oliver pegou a mão dela com delicadeza.

"Minha querida, isto deve ter sido muito assustador. Veja, você está tremendo ainda."

“Não, mas ouça… Você sabe que se eu tivesse algo a dizer, eu poderia ter dito também. Eles estevam todos na minha frente; eu gostaria de saber; mas depois senti que não poderia. Eu não conseguiria provavelmente ter falado sobre Humanidade.”

"Meu bem, tudo isso é muito triste; mas você sabe que isso não importa. Está tudo acabado.”

"E—e eles pararam?"

"Ora, sim."

Mabel cerrou um pouco os lábios e a seguire suspirou. Ela teve pensamentos agitados no trem. Ela sabia perfeitamente que eram seus nervos; mas não conseguia dissipá-los.Como ela havia dito, for a a primeira vez que ela tinha visto a morte.

"E aquele padre—aquele padre não pensa da mesma maneira?"

"Minha querida, vou te dizer no que ele acredita. Ele acredita que aquele homem para quem ele mostrou o crucifixo e que disse aquelas palavras, está vivo em algum lugar, a despeito de que seu cérebro esteja motro; ele não tem certeza onde está; mas ele ou está em uma espécie de fornalha sendo lentamente queimado pelo fogo; ou, se tiver muita sorte, e aquele pedacinho de madeira funcionou, ele está além das nuvens, diante de Três Pessoas que são apenas Um , embora Eles sejam Três; e há muitas outra pessoas lá também, uma Mulher de Azul, muitos outros de branco com suas cabeças debaixo dos braços, e aina mais outras com as cabeças de um lado; e todos tem harpas cantam para todo o sempre, caminhando pelas nuvens, gostando muito disso mesmo. Ele acha, também, que estas pessoas legais estão perpetuamente olhando para baixo para as ditas fornalhas e louvando as Três Grandes Pessoas por tê-las criado.

Isto é no que o padre acreditga. Agora vocês sabe que isto não é provável; este tipo de coisa pode ser muito bom, mas não é verdade.”

Mabel sorriu com satisfação. Ela nunca tinha ouvido isto tão bem.

“Não, meu bem, você está completamente certo. Este tipo de coisa não é verdade. Como ele pode acreditar nisso? Ele parecia ser muito inteligente!”
"Minha cara esposa, se eu tivesse dito a você em seu berço que a Lua era queijo branco e e tivesse martelado nisso, todos os dias que era assim, você iria acaber acreditando até hoje. Ora, você sabe que os os doutores da eutanásia é que são os verdadeiros padres. Claro que você sabe.”

Mabel suspirou com satisfação e levantou-se.

"Oliver, você é uma pessoa muito consoladora. Realmente gosto de você” Bem, vou para meu quarto: ainda estou tremendo.”

A meio caminho do carta, parou e tirou um dos sapatos.

Havia um curiosa mancha de cor de ferrugem nele; e seu marido viu sua esposa empalidecer. Ele se levantou abruptamente.

“Meu bem,” disse ele, “não seja tola.”

Ela olhou para ele, sorriu corajosamente e saiu.


* * * * *

Depois que ela saiu, ele ainda sentou-se por um momento onde ela o tinha deixado. Nossa! Como ele estava aliviado! Ele não gostaria nem de pensar em como sua vida seria sem ela. Ela a tinha conhecido desde quando ela tinha doze anos—isto foi há sete anos—e no ano passado eles tinham ido juntos ao cartório civil registrar o casamento.
Ela tinha realmente se tornado muito necessária para ele. Claro que o mundo poderia se virar sem ela, e ele até achava que poderia também; mas não queria pensar nem em tentar. Ele sabia muito bem, pois era sua crença no amor do ser humano, que havia entre eles uma dupla afeição, de espírito assim como de corpo; e não havia absolutamente nada mais: ele adorava suas rápidas intuições, e ouvir o pensamento dele próprio ecoando tão perfeitamente. Era como duas chamas reunidas para fazer uma terceira ainda maior que as duas; claro que uma chama poderia continuar sem a outra--- na verdade, uma teria que sim, um dia--- mas neste ínterim o calor e o amparo eram um regozijo. Sim, ele estava realmente feliz  por ela ter escapado da queda do volor.

Ele não pensou mais sobre aqueles comentários sobre a fé Cristã; era coisa comum para ele de que os Católicos acreditavam naquela espécie de coisa; não era mais blasfêmia para descrever aquilo, mais do que seria para zombar de um ídolo de pedra, com pérolas feito olhos e crina de cavalo par se fazer de peruca; era simplesmente tratar tudo aquilo com seriedade. Ele, também, se perguntava como os seres humanos pudessem acreditar naquela monte de lixo; mas a psicologia o tinha ajudado, e ele sabia agora como o poder da sugestão poderia realizar qualquer coisa. E era aquela coisa odiosa que por muito tempo evitar restringia o movimento da eutanásia com todo o sua esplêndida misericórdia.

Suas sobrancelhas enrugaram um pouco ao lembrar da exclamação de sua mãe, “Por favor, Deus”; a seguir soltou um gracejo para velha senhora e sua patética infantilidade, virou uma vez mais para sua mesa, pensando na hesitação da sua esposa quando ela viu a mancha no sapato. Sangue! Sim; isto era realmente um fato. Como deveria lidar com isso?  Ora, de acordo com o credo glorioso da Humanidade—aquela esplêndido Deus que morrera e levantara-se de novo dez mil vezes por dia, que havia morrido diariamente como o maluco fanático Saul de Tarso, desde quando o mundo começou, e que levantou-se novamente, não uma vez como Filho do Carpinteiro, mas com toda a criança que veio a este mundo. Esta era a resposta; e não era esmagadoramente suficiente?

O Sr. Philips entrou uma hora depois com outro maço de papeis.

Não tem mais notícias do Oriente, senhor,” disse ele.

Veja as postagens de Ein Anderer em outro blog

Veja no meu novo blog: guerrasemrevista.blogspot.com

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ein Anderer Hitler - Um outro Hitler

Mais uma novidade em breve. Acabei de receber permissão da autora da tradução em Inglês do Livro Ein Anderer Hitler (Um outro Hitler), Carolyn Yeager. Para aqueles apreciadores da Segunda Grande Guerra, este livro foi escrito por Hermann Giesler, um dos arquitetos preferidos de Adolf Hitler. Este livro conta os bastidores da Guerra e muitos fatos/curiosidades que o público comum não sabe. Com exceção da tradução em Inglês, não existe  tradução em outra língua, muito menos em Português. Mais uma obra inédita sendo traduzida aqui.
Estou começando a traduzir e tão logo esteja pronta a 1ª parte, sairá a publicação neste blog. Se fizer sucesso, acho que terei que abrir um blog específico para Guerras & Aventuras.


Até breve!

sábado, 19 de novembro de 2011

A Lei do Triunfo de Napoleon Hill

Em breve, estarei publicando neste blog um resumo das 16 lições da The Law of Success (Lei do Triunfo) de Napoleon Hill. Para aqueles que conhecem esta obra, ela é antiga do início do século 20 e precisava ser reciclada e tornada mais prática para a vida atual. Creio que os ensinamentos são muito válidos e são necessários para a disciplina do jovem e ajudá-lo a atingir seus objetivos. Com estas leis aprendidas e absorvidas, tenho certeza de que o jovem irá alcançar seus objetivos com muito mais facilidade. Minha intenção é publicar uma lição por post.
Espero não ser atingido por problemas de copyright.

SENHOR DO MUNDO – O ADVENTO - CAPÍTULO 1 – PARTE 2

LIVRO 1 – O ADVENTO - CAPÍTULO 1 – PARTE 2

Oliver parecia bastante deprimido no café da manhã, meia hora depois. Sua mãe, uma idosa senhora de 80 anos, que jamais aparecia até o meio dia, parecia perceber de imediato, pois só de um olhar ou dois para ele e uma palavra, ela já ficava em silêncio na mesa.

Era uma sala pequena e agradável na qual estavam, logo atrás da sala de Oliver, e era mobiliada, de acordo com o costume da época, em verde claro. As janelas se abriam para um jardim nos fundos e para o muro com trepadeiras que separava este domínio do vizinho. Os móveis, também, era da espécie comum, uma razoável mesa redonda ficava no meio, com três altas cadeiras de braços, angulares, com assentos apropriados e colocadas para dentro da mesa; e no centro dela, com sua larga coluna de apoio, estavam os pratos.

Já fazia 30 anos agora desde que a prática de colocar a sala de jantar acima da cozinha, a fim de que os elevadores hidráulicos levassem para cima e para baixo a comida e os pratos diretamente para o centro da mesa de jantar, tinha se tornado padrão nas casas dos abastados. O chão consistia inteiramente de uma mescla de amianto com cortiça, inventado na América, sem ruídos, limpo e agradável para os pés e para os olhos.

Mabel quebrou o silêncio.

"E seu discurso de amanhã?" perguntou ela, pegando seu garfo.

Oliver se animou um pouco e começou a falar.

Parecia que Birmingham estava começando a se incomodar. Eles estavam clamando de novo para o comércio livre com a América. As instalações europeias não eram suficientes, e era do interesse de Oliver mantê-los quietos. Era inútil, ele propunha dizer a eles, causar agitação até que o assunto Oriente estivesse resolvido: eles não deviam incomodar o Governo com tais detalhes neste momento. Ele deveria dizer a eles, também, que o Governo estava inteiramente do lado deles; que estava fadado a acontecer logo.

“Eles são teimosos,” disse com firmeza; “teimosos e egoístas; eles são como crianças que choram por comida dez minutos antes da hora de comer; vai chegar se eles saberem esperar um pouco.”

"E você vai dizer assim para eles?"

"Que eles são teimosos? Com certeza."

Mabel olhou para seu marido com um abrir e fechar dos olhos. Ela sabia perfeitamente que sua popularidade estava largamente em sua franqueza: as pessoas gostavam de ser repreendidas por um homem audacioso e inteligente que gesticulava com fúria magnética; ela também gostava.

“Como você irá?”, ela perguntou.

"De Volor. Vou pegar o das 18 horas na estação Blackfriais; a reunião é às 19, e eu estarei de volta às 21.”

Ele se dirigiu então ao prato principal com vigor e sua mãe olhou com um sorriso paciente.

Mabel começou a tamborilar os dedos suavemente na toalha da mesa.

"Favor se apressar, meu bem," ela disse; "Eu tenho que estar em Brighton às 3."

Oliver engoliu a última garfada, afastou o prato e olhou para ver se todos os pratos estavam no centro e daí, colocou sua mão por debaixo da mesa.

Num instante, sem sequer um som, a peça do centro da mesa desapareceu, e os três esperaram despreocupados enquanto o barulho do pratos seguia lá para baixo.

A velha Sra. Brand era uma senhora de semblante vigoroso, com rugas, mas de rosto rosado, com lenço na cabeça de cinquenta anos atrás; mas ela, também, parecia um pouco deprimida naquela manhã. O prato principal não fez muito sucesso, ela pensou; os novos alimentos não era tão bons quanto os de antigamente, era algo sem importância: ela se preocuparia com isto mais tarde. Houve um click e a peça central da mesa estava de volta no lugar, tendo a admirável imitação decoração de um ave assada.

Oliver e sua esposa estavam sozinhos novamente por um minuto ou dois após o desjejum antes que Mabel partisse para pegar o seu transporte das 14h30 da linha tronco.

“O que há com sua mãe?” ele disse.

"Ah! É sobre a comida de novo: ela não se acostuma; ela diz que não se dá bem com ela."

"Nada mais?"

"Nada mais, meu bem, tenho certeza disso. Ela não tenho falado muito ultimamente."

Oliver olhou tranquilo para sua esposa descer o caminho. Ele tinha ficado um pouco preocupado por alguns comentários de sua mãe. Ela tinha sido criada como uma Cristã por alguns anos e parecia para ele às vezes que ainda restasse um resquício. Havia um antigo livro “Jardim da Mente” que ela gostava de guardar, embora ela sempre reclamava com certo desprezo de que não era nada importante. Contudo, Oliver preferiria que o tivesse queimado; superstição era algo fútil para sustentar a vida. Cristianismo era ao mesmo tempo insensato e monótono, ele dizia para si, insensato pelas suas óbvias distorções e impossibilidades, e monótono porque estava totalmente ao largo do exuberante curso da vida humana; ele ainda se arrastava empoeirado, ele sabia, por entre escuras igrejas aqui e ali; com os sentimentalismos histéricos na Catedral de Westminster na qual ele havia entrado uma vez e contemplara com uma misto de raiva e repulsa; proferia palavras estranhas, falsas para o tolo ou o idoso. Mas seria terrível se sua própria mãe voltasse a seguir.

Até mesmo Oliver, desde quando ele podia se lembrar, havia sido completamente oposto a concessões a Roma e Irlanda. Era intolerável que estes dois lugares se cedessem a esta bobagem tola e traiçoeira: eram o viveiro da sedição; foco de pragas na face da humanidade. Ele nunca havia concordado com aqueles que diziam que era melhor que todo o veneno do Ocidente deveria ser reunido em vez de ser espalhado. Mas, de qualquer modo, lá estava. Roma tinha desistido completamente daquele velho de branco em troca de todas as paróquias e catedrais da Itália, e era claro que as trevas medievais reinavam supremas lá. A Irlanda havia se declarada pelo Catolicismo e abria seus braços para o Individualismo na sua forma mais virulenta. Inglaterra sorria e concordava, pois ela estava a salvo de agitações pela saída imediata de metade de sua população católica para aquela ilha e tinha, de acordo com a sua política colonialista comunista, permitindo todo o local para o Individualismo a fim de reduzir ele próprio lá ad absurdum. Todos os tipos de coisas engraçadas estavam acontecendo lá: Oliver havia lido sobre novas aparições, de uma Mulher em Azul e altares criados onde seus pés haviam pisado; mas ele leu também que Roma, pela mudança para Turim do Governo Italiano , havia tirado da República muito do seu prestígio sentimental, e tinha evidenciado o velha tolice religiosa com toda a viciosa prostituição histórica.Contudo, isso obviamente não poderia durar muito mais tempo: o mundo estava começando a mudar finalmente.

Ele permaneceu por um momento à porta após sua esposa sair, desfrutando da tranquilidade daquela visão gloriosa que se espalhava diante de seus olhos: os intermináveis telhados das casas; as grandes áreas envidraçadas de banhos públicos e academias; as escolas de prédios altos onde a Cidadania era ensinada todas as manhãs; os guindastes e andaimes estabelecidos aqui e ali. Lá se esparramava pela névoa cinzenta de Londres , realmente bonita, a grande multidão de homens e mulheres que tinham aprendido finalmente a lição básica do testamento de que não havia Deus algum a não ser o próprio homem, não havia padres, mas sim o políticos, não havia profetas, mas o professor.

A seguir, voltou novamente para preparar seu discurso.

* * * * *

Mabel, também, estava um pouco pensativa enquanto sentava com seu jornal no colo, trafegando pela linha até Brighton.

As notícias do Oriente eram mais desconcertantes para ela que ela deixava seu marido ver; contudo, parecia inacreditável de que pudesse haver algum real perigo de invasão. A vida ocidental era tão apreciável e pacífica; as pessoas tinham finalmente ido para o chão firme. Era impensável que elas pudessem ser forçadas a voltar para os lamaçais; era contrária a todo bom senso da evolução. Todavia, ela tinha que reconhecer que a catástrofe parecia ser um dos métodos da natureza.

Sentada, ela olhava uma vez ou outra pelas notícias menores e a notícia principal sobre elas: tudo parecia desapontamento. Alguns homens estavam conversando no mesmo compartimento sobre o mesmo assunto; um deles descrevia as obras de engenharia do Governo que ele tinha visitado, a enorme pressa que os dominava; o outro colocava interrogações e perguntas.

Não era muito confortável lá. Não havia janelas pelas quais ela poderia olhar; nas linhas principais, a velocidade era muito grande para os olhos; o longo compartimento coberto por uma luz amena cercava seu horizonte. Ela contemplava ao teto branco, as bonitas pinturas emoldurados a carvalho, os bancos fundos de mola, os suaves globos de luz acima que despejava a iluminação, e para uma mulher com uma criança que sentava diagonalmente oposta a ela. A seguir, o sinal soou, a vibração leve aumentou um pouco mais; e em um instante depois, as portas automáticas se abriram e ela saiu para a plataforma da estação de Brighton.

Ao descer os degraus em direção à praça da estação, ela notou um padre indo à sua frente. Ele parecia um senhor idoso ereto e forte, pois embora seu cabelo fosse branco, ele caminha com firmeza. Aos pés dos degraus, ele parou e fez meia volta e então, para surpresa dela, ela viu que seu rosto era de um homem jovem, de traços finos e forte, com sobrancelhas negras e olhos verdes bem brilhantes. A seguir, ela passou a frente e começou a atravessar a praça em direção à casa de sua tia.

Então, sem o menor aviso, exceto por um som agudo de cima, uma série de coisas aconteceu.

Uma grande sombra passou cruzando a luz do sol, um som dilacerante rompeu no ar, e um barulho igual a um suspiro de um gigante; ela ficar paralisada, com um ruido igual a dez mil chaleiras sendo amassadas, uma coisa enorme chocou-se no pavimento de borracha diante dela, preenchendo metade da praça, torcendo longas asas na sua parte superior que batiam e viravam como os asas de algum monstro extinto, soltando gritos humanos e logo começando algum ferido se rastejando.

Mabel não saberia o que iria acontecer, mas em um momento depois,ela foi empurrada por um forte pressão às suas contas, tremendo dos pés à cabeça frente a espécie de corpo de homem esmagado, gemendo e se arrastando a seus pés. Houve alguma articulação de palavras vindo dele; ela entendeu distintamente os nomes de Jesus e Maria; e a seguir uma voz sibilou de repente em seus ouvidos.:

“Deixe-me passar. Eu sou um padre.”

Ela permaneceu lá por mais algum tempo, perturbada pela rapidez de todo o ocorrido, e via o jovem padre de olhos verdes de joelhos, com sua casaca aberta e um crucifixo à mostra.Ela o viu se aproximar, fazer um sinal rápido com a mão, e ouvi um murmúrio de uma língua que ela não conhecia.

A seguir, ele se levantou, segurando o crucifixo diante dele, e ela viu que ele começou a caminhar no meio do pavimento cheio de sangue, olhando para lá e para cá em busca de um sinal. Descendo as escadas do grande hospital à sua direita, vieram figuras correndo, cada uma carregando o que parecia ser uma câmera antiga. Ela sabia quem eram aqueles homens, e seu coração se aliviou. Eles eram os ministros da eutanásia. Depois, ela sentiu algo tocar seu ombro e ser puxada, e imediatamente ela se viu na frente de uma multidão que estava gritando e se contorcendo de curiosas. Atrás, havia um força policial e civis que formara um cordão de isolamento.

FIM DO CAPÍTULO 1 – PARTE 2

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terça-feira, 15 de novembro de 2011

O SENHOR DO MUNDO - O ADVENTO - CAPÍTULO 1 – Parte 1

LIVRO 1- O ADVENTO

CAPÍTULO 1 – Parte 1

Oliver Brand, o novo membro para Croydon , em seu estúdio, olhando pela janela por sobre sua máquina de escrever.

Sua casa de frente para o norte no final de Surrey Hills, agora desfigurada; apenas para um Comunista a vista era inspiradora. Logo abaixo das grandes janelas, o terreno se inclinava 30 metros abaixo, terminando num grande muro e além dele, o mundo e as obras gloriosas do homem se espalhavam até onde os olhos podiam ver.

Duas enormes pistas delineadas como pistas de corridas, cada uma não menor que 400 metros de largura e rebaixadas do solo em uns 6 metros se encontravam a pouco mais de 1 quilometro à frente em uma grande junção.

A que estava à sua esquerda era a Primeira Linha-Tronco para Brighton, inscrito em letras maiúsculas no Guia de Ferrovias. A da diretira a Segunda Linha-Tronco para o distrito de Hasting e Tunbridge.

Cada uma dividida longitudinalmente por um muro de cimento, sendo que em um lado se fixavam os trilhos de aço e andavam os trens elétricos e no outro ficavam as faixas propriamente ditas, divididas em três, sobre as quais passavam, primeiro a linha de transporte público a uma velocidade de 240 quilometros por hora, a segunda para os veículos privados a não mais que 100 quilometros, a terceira a linha econômica pública a 50 km, com estações a cada 8 km. Isto era flanqueado por uma estrada confinada a pedestres, ciclistas e veículos comuns sobre a qual nenhum veículo poderia andar mais que 20 quilometros por hora.

Para além destas grandes pistas ficava um imenso plano de telhados de casas, com pequenas torres aqui e ali, marcando os edifícios públicos, desde o distrito de Caterham até Croydon, tudo límpido e brilhante no céu desanuviado; e longe ao oeste e norte ficavam as colinas do subúrbio de encontro ao firmamento de abril.

Havia pouco barulho, considerando a pressão da população; e. com a exceção de do som dos trilhos de aço quando o trem passava rumo ao norte ou ao sul, e o doce acorde dos grandes veículos ao se aproximarem e deixarem a grande junção, havia pouco a ser ouvido neste estúdio, exceto por um suave e confortante murmúrio que preenchia o ambiente como o zumbido de abelhas em um jardim.

Oliver gostava de toda a indicação de vida humana- todos os sons e estímulos visuais-e agora sorria levemente para si mesmo ao fitar o céu claro. A seguir, selou os lábios e aportou seus dedos nas teclas novamente, e continuou na escrita do seu discurso.

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Ele era afortunado por ter aquela casa. Ela ficava em um ângulo de uma daquelas enormes redes com as quais o país era todo coberto

e era tudo que ele poderia esperar para seus propósitos. Era perto o bastante de Londres para ser extremamente barata, pois todos os ricos se afastaram por pelo menos 160 quilometros do coração pulsante da Inglaterra; mas gostava por ser bastante calma. Ele estava também a dez minutos de Westminster e a vinte minutos do mar e seu distrito eleitoral se estendia diante dele como um mapa elevado. Além disso, desde que o ponto final da Grande Londres ficava dali a 10 minutos, havia, à sua disposição, o transporte da Primeira Linha-Tronco para toda grande cidade de Londres. Para um político de poucos meios, a quem era solicitado falar em Edinburgh em uma noite e em Marselha em outra, ele era um homem bem localizado na Europa.

Ele era um homem de aparência agradável, não mais que 30 anos, cabelos negros anelados, barbeado, magro, viril, carismático, de olhos azuis e cútis branca. Neste dia, ele parecia estar feliz consigo e com o mundo. Seus lábios se moviam levemente ao passo que escrevia, seus olhos mexiam com a emoção e mais de uma vez ele pausava e olhava para fora novamente, sorrindo e ruborizando-se.

A seguir, uma porta abriu, um senhor de meia idade entrou apressadamente com um monte de papeis , colocando-os na mesa sem uma palavra, e virou-se para sair. Oliver levantou a mão para chamar-lhe a atenção e falou.

"O que é, Sr. Phillips?" ele disse.

"São notícias do Oriente, senhor " disse o secretário.

Oliver olhou de soslaio, e pos a mão nos papeis.

"Alguma mensagem completa?" perguntou.

"Não, senhor; está interrompida de novo. É mencionado o nome do Sr. Felsenburgh".

Oliver pareceu não ouvir; ele levantou umas folhas impressas com um súbito movimento e começou a virá-las.

"A quarta de cima para baixo, Sr. Brand,” disse o secretário.

Oliver moveu a cabeça com impaciência, e o outro saiu como se em um sinal.

A quarta folha, impressa em vermelho sobre fundo verde, parecia absorver a atenção de Oliver completamente, pois ele a leu por completo de duas a três vezes, se reclinando imóvel em sua cadeira. A seguir, suspirou e de novo olhou pela janela.

Mais uma vez, a porta abriu e uma moça alta entrou.

"E então, meu querido?" ela observou.

Oliver meneou a cabeça, com lábios cerrados.

"Nada definido," ele disse. "Até mesmo menos que o usual. Ouça."

Ele pegou a folha verde e começou a ler em voz alta enquanto a garota se sentava à sua esquerda..

Ele era uma criatura encantadora, alta e esguia com olhos verdes sérios e ardentes, lábios vermelhos firmes e um bonito conjunto de rosto e ombros.

Ela tinha percorrido a sala enquanto Oliver pegava o papel e agora sentava com seu vestido marrom em uma atitude solene e graciosa. Ela parecia ouvir com deliberada paciência; mas seus olhos tremulavam com interesse.

"'Irkutsk—14 de Abril--Ontem--como--sempre--Mas—rumores de--

deserção--do--partido--Sufi-- Tropas--continuam—a se reunir--

Felsenburgh--discursou--multidão—budista--Atentado--ao--Lama—Sexta-feira—passada---trabalho--of--Anarquistas--Felsenburgh--indo--para--Moscou—conforme combinado—ele…Isto é absolutamente tudo,” terminou Oliver desanimado. “ Interrompido como sempre.”

A moça começou a balançar um pé.

"Não entendi nada," ela disse. "Quem é Felsenburgh, afinal?"

"Minha querida, isto é o que todo mundo está perguntando. Nada se sabe, exceto que ele foi incluído na delegação americana no último momento. O Herald publicou sua biografia na semana passada; mas foi contestada.

É certo que ele é jovem e que é um desconhecido até o momento."

"Então, ele não é obscuro agora," observou ela.

"Sim; parece que ele está dirigindo a coisa toda. Não se ouve uma palavra dos outros. Temos sorte de que ele esteja no lado certo."

"E o que você acha?"

Oliver virou seus olhos vazios de novo pela janela.

"Eu acho isto muito crítico," ele disse. "A única coisa notável é que aqui pouca gente parece perceber. É grande demais para imaginar, eu suponho. Não há dúvida de que o Oriente está preparando para cair sobre a Europa neste últimos cinco anos. Eles têm sido apenas vigiados pela América; e isto é apenas uma última tentativa de pará-los. Mas por que Felsenburgh deveria ir para o fronte---“ ele interrompeu.” Ele deve ser um bom linguista, talvez. Esta é pelo menos a quinta multidão para quem ele discursou, talvez ele seja apenas um intérprete americano. Cristo! Como gostaria de saber quem ele é.”

"Ele tem algum outro nome?"

"Julian, eu acho. Uma mensagem fala isso."

"Como é que isto se sucedeu?"

Oliver balançou a cabeça.

"Empreendimento privado," ele disse. "As agências europeias pararam de trabalhar.

Toda estação telegráfica é vigiada dia e noite. Há linhas de volors espalhados por toda a fronteira. O Império tenciona resolver este problema sem nós."

"E se der errado?"

"Minha querida Mabel—se o inferno acontecer---" lançou suas mão ao ar com um tom depreciativo.

"E o que o Governo está fazendo?"

"Trabalhando dia e noite; como todo o resto da Europa. Será o Armagedom se vier a guerra."

"Quais são as chances que você vê?"

"Vejo duas chances," disse Oliver lentamente: "a primeira, que eles possam temer a América e possam se conter por medo; a segunda que eles possam se conter por caridade; se pelo menos eles pudessem entender que a cooperação é a única esperança do mundo. Mas aquelas malditas religiões deles---“

A garota suspirou e olhou para a série de telhados das casas abaixo da janela.

A situação era realmente séria mesmo. Aquele vasto Império, consistido de estados federalistas sob o Filho do Céus (criado pela fusão das dinastias japonesa e chinesa e com a queda da Rússia), estava consolidando suas forças e aprendendo com o seu próprio poder durante os últimos 35 anos.

Desde então, na verdade, ele tinha posto as mãos na Austrália e India.

Enquanto o resto do mundo aprendera a insensatez da guerra, desde a queda da república russa sob o ataque combinado das raças amarelas, a outra parte sabia de suas possibilidades. Parecia agora como se a civilização do último século deveria se empurrada novamente para o caos.

Não era que a populaça do Oriente se importava muito; era seus governantes que começavam a serem mais ambicionos depois de uma quase eterna letargia, e era difícil imaginar como eles poderiam ser detidos a este ponto. Havia rumores sombrios de que o fanatismo religioso estava por detrás do movimento e que o paciente Oriente propunha finalmente converter pelos modernos equivalentes de ferro e fogo aqueles que havia colocado, de lado pela maior parte, todas as crenças religiosas exceto aquela na Humanidade.

Para Oliver, isto era simplesmente enlouquecedor. Ao olhar pela janela, ele via a vasta área de Londres em paz diante dele, e sua imaginação corria pela Europa e via o triunfo do bom senso e dos fatos sobre os contos da carochinha da Cristandade, parecia intolerável que houvesse uma possibilidade de que tudo isso voltasse a ser lançado de novo no tumulto bárbaro de seitas e dogmas; pois é o que ocorreria com o Oriente tomando posse da Europa. Mesmo o Catolicismo iria reviver, disse a si mesmo, aquela estranha fé que tinha sido queimada em chamas tantas vezes quando as perseguições se apressaram a derrubá-la; e, de todas as formas de fé, para a cabeça de Oliver, Catolicismo era a mais grotesca e escravizante. E o prospecto de tudo isso realmente o preocupava, muito mais que o pensamento de catástrofe real e banho de sangue que seria infligido à Europa com o advento do Oriente.

Havia apenas uma esperança do lado religioso, conforme ele havia dito para Mabel uma dezena de vezes, e era a de que o Panteísmo Sereno, que desde do último século havia feito grande progresso tanto no Oriente e Ocidente, entre eles os Maometanos, Budistas, Hinduístas, Confucionistas e os demais, deveria valer-se de deter o frenesi sobrenaturral que inspirava os irmãos esotéricos.

O Panteísmo, ele entendia, era o que ele mesmo sustentava; para ele, “Deus” era a somatória do vida criada e desenvolvida e Unidade impessoal do Seu ser; a competição era então a grande heresia que colocava os homens uns contra os outros e atrasava todo o progresso; pois, segundo ele, o progresso residia na fusão do individuo na família, da família na pátria, da pátria no continente, e do continente no mundo.

Finalmente, o próprio mundo em algum momento não era mais que o temperamento da vida impessoal. Era, de fato, a ideia católica com o sobrenatural deixado de lado, uma união de destinos terrenos, um abandono do individualismo por um lado, e sobrenaturalismo de outro. Era traição apelar do Deus Imanente para o Deus Transcendente, não havia Deus transcendente; Deus, até onde Ele poderia ser conhecido, era homem.

Contudo estes dois, marido e mulher , estes dois estavam muito longe de compartilhar a costumeira e forte apatia dos meros materialistas. O mundo, para eles, batia com uma vida ardente brotando em flor, animal e homem, uma torrente de vigor esplêndido fluindo de uma fonte profunda e que irriga tudo que movia ou sentia.

Seu romance era o mais apreciável porque era compreensível para as mentes que nasciam dele; havia mistérios nele, mas mistérios que entiçavam em vez de deixar de serem explicados, pois eles mostravam novas glórias com toda a descoberta que o homem poderia fazer; até mesmo objetos inanimados, o fóssil, a corrente elétrica, as estrelas distantes, estes tinha a poeira sacudida pelo Espírito do Mundo- enlevado com Sua Presença e eloquente por Sua Natureza.

Por exemplo, o anúncio feito por Klein, o astrônomo, vinte anos antes, de que a vida em determinados planetas tinha se tornado um fato comprovado—como isto havia alterado em muito as visões do homem diante de si próprio.

Mas a única condição de progresso e a construção de Jerusalém, no planeta que era o lugar de habitação do homem, era a paz, não a espada que Cristo trouxe. ou com a qual Maomé brandiu; mas a paz que se criou pelo entendimento; a paz que nasceu do conhecimento que o homem era tudo e era capaz de desenvolver a si próprio somente pela simpatia com seus companheiros.

Para Oliver e sua esposa, então, o último século parecia como uma revelação; pouco a pouco as velhas supertições se desvaneciam, e o nova luz se espalhava; o Espírito do Mundo O tinha despertado; e agora com horror e repulsa que viam as nuvens sombrias se reunirem novamente

* * * * *

Mabel se levantou e veio até seu marido.

"Meu querido," disse ela, "você não deve ficar abatido. Isto tudo pode passar como passou outrora. É bom saber que agora eles estão ouvindo a América realmente. E este Sr. Felsenburgh parece estar do lado certo."

Oliver pegou sua mão e a beijou.

FIM DA 1ª PARTE DO CAPÍTULO 1

domingo, 13 de novembro de 2011

O Senhor do Mundo

Esta é uma tradução do livro de Robert Hugh Benson, O Senhor do Mundo (The Lord of the World). Foi pedida por Alexandre Moreira Fernandes. Contudo, será publicada em partes, sendo que a primeira será o Prólogo, que por sinal é bastante extenso. O texto vai parecer confuso e cheio de informações, que deverão ser melhor explicadas no decorrer dos capítulos seguintes.
Que não se confunda com o Senhor do Mundo, de Júlio Verne, um dos meus escritores preferidos.
Descrito por algum críticos como um dos três maiores livros sobre o advento do demonismo na literatura mundial. Neste livro, o Ocidente sucumbe a uma espécie de socialismo internacional. As forças triunfantes do materialismo secular, relativismo e controle do estado estão por todos os lados. Não há mais Protestantismo, e o Catolicismo, que teve maior avanços na primeira metade do século 20, tem sido devastado pelo desenvolvimento de novas psicologias. A eutanásia se tornou um instrumento do Estado, o Esperanto a segunda língua universal. E por final, o Oriente, que se amalgamou-se em um único bloco panteísta, continua a ser uma ameça militar. Aparece o Anticristo...
Um pouco sobre Robert Benson.

Robert Hugh Benson (18 November 1871 – 19 October 1914)

Benson foi educado no Colégio Eton e estudou os clássicos e teologia

no Colégio Trinity, em Cambridge de 1890 a 1893.

Benson pai morreu subitamente em 1896 e ele foi enviado em uma viagem ao Oriente Médio para recuperar a sua própria saúde. Enquanto estava lá, ele começou a questionar o status da Igreja da Inglaterra e para considerar as reivindicações da Igreja Católica Romana .

Benson foi ordenado como um sacerdote católico romano em 1904 e enviado para Cambridge. Ele continuou sua carreira de escritor, juntamente com o seu ministério como padre.

Foi feito a um monsenhor em 1911.

Mais informações sobre ele e suas obras em : http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Hugh_Benson


Senhor do Mundo

de Robert Hugh Benson

Dedicado a Clavi Domus David

Prefácio

Tenho certeza absoluta de que este é um livro sensacional e aberto a inúmeras críticas. Não soube como expressar os princípios que desejava (e os quais eu acredito apaixonadamente serem verdadeiros), mas os escrevi as linhas deste livro com entusiasmo. Tentei, contudo, não bradar excessivamente, e sim manter tanto quanto possível a reverência e a consideração pelas opiniões das pessoas. Se eu consegui na tentativa, isto é outro assunto.

Robert Hugh Benson.

CAMBRIDGE 1907.

As pessoas, que não gostam de prólogos aborrecidos, não precisam ler este. É essencial apenas para a situação, não para a estória.

PRÓLOGO

“Dê-me um momento, “disse o velho senhor, recostando.

Percy se ajeitou na cadeira e esperou, com a mão no queixo.

Era uma sala silenciosa onde se sentavam três homens, mobiliada com o gosto comum da época. Não tinha janelas ou portas; pois já fazia agora sessenta anos desde que muitos se decidiram morar debaixo da superfície. A casa do velho Sr. Templeton ficava a aproximadamente doze metros abaixo do nível do Rio Tâmisa. O local era bem localizado, pois necessitava caminhar apenas 90 metros até a estação. Ele tinha 90 anos de idade, e raramente saia de casa nestes tempos. A sala fora revestido todo com delicado esmalte verde-jade, prescrito pelo Conselho de Saúde, e era iluminado com a luz artificial, descoberta pelo grande Reuter quarenta anos atrás; tinha o tom de cor de madeira da primavera, e era aquecida e ventilada à temperatura exata de 18 graus centigrados. O Sr. Templeton era um homem simples, satisfeito por viver igual a como seu pai vivera. Os móveis eram um pouco ultrapassados relembrando mogno. Estantes bem preenchidas montadas de vários lados, diante do qual se sentavam três homens; e nos cantos ficam os elevadores hidráulicos que permitiam a entrada de um ambiente para outro e para o corredor quinze metros acima , que abria para a superfície do rio.

Padre Percy Franklin, o mais idoso dos dois padres, era mesmo um homem de aparência notável, não mais que trinta e cinco anos de idade, mas com cabelos todos brancos, olhos acinzentados. Suas sobrancelhas negras eram particularmente brilhantes e quase ardentes; mas seu queixo e nariz proeminentes e a extrema resolução de sua boca indicava seu temperamento ao observador. Quem acabava de conhecê-lo, geralmente olhava duas vezes para ele.

Padre Francis, por sua vez, sentava em uma cadeira reta do outro lado da lareira, tinha olhos castanhos agradáveis e comoventes, mas não havia robustez na sua face; havia uma tendência para melancolia feminina nos cantos da boca e uma acentuada queda das pálpebras.

O Sr. Templeton era apenas um velho senhor, com rosto vigoroso e enrugado, mas bem barbeado, e agora se recostava em seus travesseiros e com um acolchoado sobre seus pés.

* * * * *

Finalmente, ele falou, olhando primeiro para Percy, à sua esquerda.

“Bem,” disse ele, “é muito importante lembrar exatamente; mas isto é como eu vejo.”

“Na Inglaterra, nosso partido foi seriamente alertado no Parlamento Trabalhista de 1917. Isto nos mostrou o quão profundo o Herveismo havia impregnado todo o ambiente social. Havia socialistas antes, mas não como Gustave Herve — pelo menos ninguém do mesmo poder. Ele, talvez vocês tenham lido, ensinava Materialismo e Socialismo puros. Patriotismo, ele disse, era uma relíquia do barbarismo; e o prazer sensual era o único bem. É claro, todos riram dele. Foi dito que sem religião, não poderia haver inclinação adequada pela população para até mesmo a mais simples ordem social. Mas parecia que ele estava certo. Depois da queda da Igreja Francesa, no começo do século e os massacres de 1914, a burguesia resolveu se organizar; e aquele movimento extraordinário iniciado com seriedade, levado pela classe média, sem patriotismo, sem distinção de classes e praticamente sem exército. É claro, a Maçonaria dirigia tudo isso. Isto se espalhou para a Alemanha, onde a influência de Karl Marx já havia---”

“Sim, senhor,” disse Percy calmamente, “mas e com relação à Inglaterra, se não se importa---”

“Ah, sim; Inglaterra, Bem, em 1917, o partido trabalhista se refreou, e o Comunismo realmente começou. Isto foi muito antes do que posso lembrar, é claro, mas meu pai costumava datar desde então. A única curiosidade era que as coisas não iam adiante com rapidez; mas suponho que havia bastante influência dos Torys ainda. Além disso, os séculos geralmente passavam mais lentamente do que esperado. Mas a nova ordem começara então; e os Comunistas nunca sofreram um sério revés , exceto um pequeno em ´25. Blenkin fundou “O Novo Povo” então; e o “Times” fechou; mas não foi tão estranho até que em ´35 a Câmara dos Pares (Suprema Corte) caiu pela última vez. A Igreja Estabelecida havia acabada em `29.”

“E o efeito religioso disso?” perguntou Percy rapidamente, enquanto o velho senhor pausou um pouco, para tossir de leve. O padre estava preocupado em manter o foco.

“Foi um efeito,” disse o outro, “do que propriamente uma causa. Veja você, os Ritualistas, assim eles costumavam ser chamados, após uma tentativa desesperada em entrar na linha dos Trabalhistas, entraram na Igreja após a Convocação de '19, quando foi retirado o Credo de Nicéia. Mas como houve um efeito desde o final Desestabelecimento, eu acho que foi o que restou da Igreja do Estado diluída na Igreja Livre, e a Igreja Livre era, afinal, pequena. A Bíblia foi completamente abandonada como autoridade após os renovados ataques germânicos nos anos 20. A teoria Cenótica contribuiu para o desaparecimento da Divindade do Nosso Senhor.

Então, houve aquele estranho movimento entre os Eclesiásticos Livres; quando os ministros, que não faziam mais que seguir a corrente, saíram de suas velhas posições. É curioso ler na história dos tempos, como eles eram chamados de pensadores independentes. Era justamente o que eles não eram... Onde eu estava? Ah, sim... Bem, isso limpou o espaço para nós, e a Igreja fez extraordinário progresso por um momento—extraordinário, isto é, sob as circunstâncias, porque você deve se lembrar, as coisas eram muito diferentes de vinte, ou até mesmo dez anos antes. Quero dizer que, falando a grosso modo, havia começado o decepamento de ovelhas e cabras. As pessoas religiosas eram praticamente todas Católicas e Individualistas; as não religiosas rejeitavam o sobrenatural completamente, e eram Materialistas e Comunistas. Mas fizemos progresso, porque nós tínhamos alguns homens excepcionais- Delaney, o filósofo, McArthur e Largent, os filantropistas, e assim por diante. Realmente, parecia que Delaney e seus discípulos poderiam fazer de tudo. Vocês se lembram da sua “Analogia”? Ah, sim, está tudo nos livros...

“Bem, então, ao término do Conselho do Vaticano, que tem sido convocado desde o século 19, e nunca foi dissolvido, perdemos muitos nas definições finais. O “Êxodo dos Intelectuais”, era chamado pelo Mundo---”

“As decisões Bíblicas,” colocou o padre mais jovem.

“Isto parcialmente, e todo o conflito que se iniciou com o advento do Modernismo no começo do século, mas muito mais pela condenação de Delaney, e do Novo Transcendentalismo, de modo geral como fora compreendido. Ele morreu fora da Igreja, vocês sabem. Então, houve a condenação do livro de Sciotti na Religião Comparada...Depois que os comunistas deram grandes passos, sem bem que lentamente. Parece extraordinário para vocês, ouso dizer, mas não imaginam a emoção causada, quando o Ato dos Ofícios Necessários tornou-se lei em ’60. As pessoas pensaram que todo empreendimento se paralisaria, quando tantas profissões foram estatizadas, mas, como vocês sabem, não ocorreu.”

“Em que ano o Ato da Maioria dos Dois Terços foi aprovado?” perguntou Percy.

“Ah! Muito antes—depois de um ano ou dois da queda da Câmara dos Pares. Foi necessária, eu acho, ou os Individualistas teriam ficado loucos... Bem, o Ato dos Ofícios Necessários foi inevitável: as pessoas havia começado a entender desde o tempo em que foram municipalizadas. Por um momento, houve um surto das artes; porque todos os Individualistas que podiam, entraram nisso (foi então quando a escola Toller foi fundada); mas eles logo mudaram para emprego público; afinal, o limite de 6% para toda a empresa individual não era mesmo uma tentação; e o Governo pagava bem.”

Percy meneou a cabeça.

“Sim; mas não consigo entender o atual estado das coisas. Você disse agora pouco que as coisas caminharam lentamente?”

“Sim,” disse o velho, “ mas vc deve se lembrar das Leis dos Pobres. Isto estabeleceu os Comunistas para sempre. Certamente, Braithwaite sabia o que fazia.”

O padre mais jovem olhou inquiridamente.

“A abolição da antigo sistema de asilo para pobres.” Disse Mr. Templeton. “É tudo história antiga para você, é claro, mas eu me lembro como se fosse ontem. Foi isso que trouxe abaixo o que era ainda chamado Monarquia e as Universidades.”

“Ah,” disse Percy. “ Eu gostaria de ouvir vc falar sobre isso, senhor.”

“Atualmente, padre... Bem, isto é o que Braithwaite fez. Pelo antigo sistema, todos os pobres eram tratados igualmente, e ressentiam disso. Pelo novo sistema, havia as três faixas que temos , e a admissão de duas faixas mais elevadas. Somente os absolutamente sem valor eram designados para a terceira faixa, e tratados mais ou menos como criminosos—claro que após cuidadosa verificação. Depois, havia a reorganização das Pensões da Velhice. Bem, não dá para ver como isto fortaleceu os Comunistas? Os Individualistas—assim eram chamados os Tories, quando eu era garoto—não tiveram chance desde então. Não são mais que restos agora. Todas as classes operárias—uns 99%—eram todas contra eles.”

Percy fitou, mas o outro continuou.

“Depois, houve o Ato da Reforma Presidiária de Macpherson, e a abolição da punição capital; havia o Ato Educacional final de ’59, por onde o secularismo dogmático foi estabelecido; a abolição completa da herança sob a reforma das Obrigações do Falecimento---“

“Eu me esqueço de como era o antigo sistema,” disse Percy.

Primeiro veio o Ato das Heranças, levando à aceitação das doutrinas de Karl Marx em ’89---mas o primeiro veio em ’77.... Bem, todas estas coisas manteve a Inglaterra ao nível do Continente; ela esteve a tempo de se juntar no esquema final do Comércio Livre Ocidental. Houve o primeiro efeito, lembram-se, da vitória dos Socialistas na Alemanha.”

“E como conseguimos ficar fora da Guerra Oriental?” perguntou Percy ansiosamente.

“Ah! Esta é uma longa história; mas, em apenas uma frase, a América nos deteve; assim perdemos a Índia e Austrália. Acho que foi perto da queda dos Comunistas em ’25. Mas Braithwaite saiu bem dessa, conseguindo para nós o protetorado da África do Sul. Ele já era um velho senhor na época, também.

Sr. Templeton parou para tossir novamente. Padre Francis suspirou e se reajustou na cadeira.

“E a América?” perguntou Percy.

“Ah! Foi muito complicado. Mas ela sabia da sua força e anexou o Canadá no mesmo ano. Isto foi quando nós estávamos mais fracos.”

Percy se levantou.

“Vc tem um Guia Geográfico do Mundo, senhor?” ele perguntou.

O velho senhor apontou para a a estante.

“Ali,” disse.

* * * * *

Percy olhou as páginas por um tempo em silêncio, debruçando-as no colo.

“É tudo muito simples, com certeza,” murmurou ele, olhando primeiramente para o mapa de colorido diversificado do começo do século 20 e depois para as grandes extensões do século 21.

Moveu seu dedo pela Ásia. As palavras Império Oriental percorriam sobre a cor amarela pálida, desde os Urais na esquerda ao Estreito de Behring na direita, e seguindo em letras curvas pela Índia, Austrália e Nova Zelândia. Ele olhou para a cor vermelha, era consideravelmente menos, mas ainda importante, considerando que não somente a própria Europa, mas toda a Rússia até os Urais, e a África ao Sul. A região em azul chamada de República Americana cobria uma vasta área

"Sim, é simples," disse o velho senhor secamente.

Percy fechou o livro e colocou ao lado de sua cadeira.

“E depois, senhor? O que acontecerá?”

O velho estadista Tory sorriu.

“Só Deus sabe,” disse ele. “ Se o Império Oriental achar que deve se mover, nós não podemos fazer nada. Não sei porque eles não se mexeram. Suponho que seja devido a diferenças religiosas.”

“A Europa não vai se dividir?” perguntou o padre.

“Não, não. Conhecemos nosso perigo agora. E a América irá certamente nos ajudar. Contudo, para mim, que Deus nos ajude--- ou vocês, eu deveria dizer—se o Império se mexer! Ele sabe de sua força finalmente.”

Houve silêncio por um momento. Houve um certo tremor, como se alguma enorme máquina tivesse passado por cima da larga avenida onde estavam.

“Profecia, senhor,” disse Percy de repente. “Quero dizer religião.”

Sr. Templeton inspirou longamente. Depois, continuou de novo com seu discurso.

“Brevemente,” disse ele, “haverá três forças---Catolicismo, Humanitarismo e as religiões orientais. A respeito desta terceira, eu não consigo profetizar, embora eu ache que os Sufis serão vitoriosos. Qualquer coisa pode acontecer; o Esoterismo está dando grandes passos—e isto significa o Panteísmo; e a mistura das dinastias chinesa e japonesa nos deixa sem previsão. Mas na Europa e na América, não há duvida de que disputa reside entre os dois primeiros. Não podemos negligenciar todo o resto. E, eu acho que se vc quer ouvir o o que eu acho, o Catolicismo vai decrescer rapidamente. É perfeitamente claro que o Protestantismo está morto. Os homens reconhecem finalmente que uma Religião sobrenatural envolve uma autoridade absoluta, e que o Julgamento Privado nas questões de fé, é nada mais que o começo da desintegração. Também é verdade que desde que a Igreja Católica é a única instituição que sempre reclama autoridade sobrenatural, com toda sua lógica impiedosa, ela tem novamente a aliança de praticamente todos os cristãos, que tem ainda alguma crença sobrenatural. Há ainda alguns modistas, especialmente na América e aqui; mas são mínimos.

Tudo está muito bem; mas, por outro lado, devem se lembrar que o Humanitarismo, contrário a todas as expectativas pessoais, está se tornando um religião verdadeira, embora sendo anti-sobrenatural. É o Panteísmo; desenvolvendo um rito sob a Maçonaria; ela tem um credo, “Deus é o Homem,” e o resto. Ela tem, portanto, um verdadeiro alimento, de certa forma, a oferecer aos desejosos; ela idealiza, contudo não exige dons espirituais. Então, eles usam todas as igrejas, exceto a nossa, e todas as Catedrais; e eles estão começando afinal a encorajar sentimento. Assim, eles podem mostrar seus símbolos e nós não podemos: Eu acho que eles se estabelecerão legalmente em dez anos no mais tardar.

“Já, nós Católicos, lembrem-se, estamos perdendo; perdemos bastante por mais de cinquenta anos. Suponho que tenhamos, nominalmente, cerca de 1/40 de toda a América neste momento--- e isto é resultado do movimento Católico no começo dos anos 20. Não estamos em nenhum lugar na França e Espanha; na Alemanha somos poucos. Sustentamos nossa posição no Oriente, certamente; mas mesmo lá não temos mais que 1/200—conforme as estatísticas- e estamos espalhados. Na Itália? Bem, temos Roma de novo para nós, mas nada mais; aqui, nós temos a Irlanda toda e talvez 1/60 da Inglaterra, Pais de Gales e Escócia; mas estávamos com 1/40 há setentas anos.

Então, há um enorme progresso da Psicologia—tudo claro contra nós por pelo menos um século. Primeiro, vejam, houve o Materialismo, puro e simples, mas que tinha algumas falhas--- era muito cru—até que a Psicologia veio para resgatar. Agora, a Psicologia reclama todo o resto do espaço; e o senso sobrenatural parece explicado. Não, padre, estamos perdendo; e devemos continuar a perder, e acho que devemos até estar prontos para uma catástrofe a qualquer momento.”

“Mas---" disse Percy.

"Não vejo esperança. Na verdade, me parece que até mesmo agora algo pode vir sobre nós rapidamente. Não; eu não tenho esperança até que---“

Percy fitou com firmeza.

“Até que nosso Senhor volte,” disse o velho estadista.

Padre Francis suspirou mais uma vez e houve um silêncio.

* * * * *

"E a queda das Universidades?" disse Percy finalmente.

“Meu caro padre, foi exatamente como a queda dos Monastérios sob Henry VIII—os mesmos resultados, os mesmos argumentos, os mesmos incidentes. Houve as fortalezas do Individualismo, como os Monastérios foram as fortalezas do Papado; e eles foram considerados com a mesma admiração e reverência. Depois, a costumeira série de observações começaram a respeito da quantidade de vinho do porto bebido; e de repente, que os companheiros estavam confundindo meios por fins. Depois de tudo, considerando o sobrenatural, as Casas Religiosas são uma óbvia consequência; mas o objetivo da escola secular é presumidamente a produção de algo visível--- ou caráter ou competência; e isto tornou-se completamente impossível provar que as Universidades produziam qualquer um- que valeria a pena ter.

“Sim?” disse Percy.

"Ah, foi patético o bastante. As Escolas Científicas de Cambridge e o Departamento Colonial de Oxford foram a última esperança; e depois estes se foram.

Os velhos professores viviam entre os seus livros, mas ninguém os queria--- eles eram demasiados teóricos; alguns acabavam em asilos, primeira ou segunda faixa; alguns era cuidados por clérigos de instituições de caridade; houve aquela tentativa de se concentrar em Dublin; mas falhou, e as pessoas logo os esqueceram. Os edifícios , como sabem, foram usados por todas as espécies de coisas. Oxford tornou-se um estabelecimento de engenharia por um tempo, e Cambridge uma espécie de laboratório do Governo. Eu estava no King´s College, vocês sabem. Claro que tudo foi bastante horrível--- embora eu esteja grato que eles mantiveram a capela aberta, mesmo como um museu. Não foi agradável ver os altares preenchidos com espécimes anatômicas.”

“O que aconteceu com vc?”

“Ah! Eu estava logo no Parlamento; e eu tinha um pouco de dinheiro meu, também. Mas era muito difícil para alguns deles; eles tinham pequenas pensões, pelos menos todos que tinham trabalhado. E ainda, eu não sei: eu suponho que tinha de vir. Eles eram um pouco mais que sobreviventes pitorescos, vocês sabem; e não tinham a graça de um fé religiosa com eles.”

Percy suspirou novamente, olhando para o rosto levemente humoroso do velho. Então, ele de repente mudou o assunto novamente.

“E sobre este Parlamento Europeu?” ele disse.

O velho continuou.

“Ah!..Eu acho que vai passar.” A tudo que este último século tem nos levado, como vocês podem ver. Patriotismo está morrendo depressa, mas devia ter acabado, como escravidão e assim por diante, sob a influência da Igreja Católica. Como está, o trabalho tem sido feito sem a Igreja; e o resultado é que o mundo está começando a se enfileirar contra nós; é um antagonismo organizado—uma espécie de Igreja Anti-Católica. A democracia tem feito o que a Monarquia Divina deveria ter feito. Se a proposta passar, eu acho que podemos esperar algo como perseguição uma vez mais... Mas, de novo, a invasão oriental pode nos salvar, se ela iniciar... eu não sei...”

Percy sentava-se imóvel por um momento, e daí ele se levantou de repente.

“Eu devo ir, senhor,” ele disse, recaindo em Esperanto. “ São 7 horas da noite. Muito obrigado. Vc vem, padre?”

Padre Francis se levantou também, no terno cinza escuro permitido aos padres, e pegou seu chapéu.

“Muito bem, padre,” disse o velho de novo, “ volte algum dia, caso eu não tenha sido muito prolixo. Eu suponho que vc tem que escrever sua carta ainda?”

Percy confirmou com a cabeça.

“Eu fiz metade dela esta manhã,” ele disse, “ mas eu senti que precisaria fazer uma nova revisão, antes que eu pudesse compreender propriamente; sou muito grato a você por ter dado a mim.É realmente um grande trabalho, esta carta diária para o Cardeal-Protetor. Estou pensando em renunciar se me for permitido.”

“Meu caro padre, não faça isso. Se eu posso lhe ser franco, eu acho que você tem uma mente muito sagaz; e a menos que Roma tenha melhor informação, ela não pode fazer nada. Eu não suponho que seus colegas sejam tão cuidadosos como você próprio.”

Percy sorriu , levantando suas sobrancelhas com reprovação

"Venha, padre," ele disse.

* * * * *

Os dois padres partiram pelos degraus do corredor, e Percy ficou por um minuto ou dois fitando a cena familiar de outono, tentando entender o que aquilo tudo significava. O que ele tinha ouvido escada abaixo, parecia estranho perante a visão de esplêndida prosperidade que estava à sua frente.

O ar estava maravilhoso; com a luz artificial, Londres agora não sabia diferenciar entre o escuro e o claro. Ele permanecia de pé, sob o solo rígido feito de uma preparação de borracha nos quais os passos não faziam barulho. Debaixo dele, ao pé da escada, havia uma fila dupla sem fim de pessoas separadas por uma divisória, indo para direita e esquerda, sem barulho, exceto pelo murmúrio de conversar em Esperanto, que parecia sem fim passarem. Pelo vidro rígido e cristalino da passagem do público, havia um estrada negra e larga significantemente vazia, mas mesmo quando ele estava ali de pé, um som soava ao longe vindo da Velha Westminster, como o som de uma grande colmeia, de repente o som aumentou, e em um instante depois, uma coisa transparente passou rápido, arremetendo-se para o lado leste dos Correios.

Esta era uma estrada privilegiada. Apenas veículos públicos eram permitidos usá-la, e desde que em uma velocidade não superior a cem milhas por hora.

Outros sons eram abrandados nesta cidade de borracha; o transporte de passageiros estava a cem metros dali, e o tráfego subterrâneo ficava muito abaixo que somente uma pequena vibração se poderia sentir. Os técnicos do Governo estavam trabalhando nos últimos 20 anos para eliminar a vibração e o som dos veículos comuns.

Antes que ele se mexesse, houve um som por cima, surpreendentemente bonito e agudo, e, ao levantar os olhos , ele viu de frente para as nuvens iluminadas, um longo e fino objeto, brilhando com uma luz suave, deslizar-se para o norte e desparecer. Aquele som musical era de uma linha europeia de Volors, anunciando sua chegada na capital da Grã Bretanha.

“Até que Nosso Senhor volte, “ pensou ele consigo mesmo, e por um instante a velha tristeza apunhalou seu coração. Com era difícil manter o os olhos focados naquele horizonte ao longe, quando o mundo ali estava à sua frente, tão chamativo no seu esplendor e na sua força! Oh, ele tinha discutido com o Padre Francis há uma hora que tamanho não é o mesmo que grandeza, e que uma imagem externa insistente não poderia excluir uma imagem sutil interior; e ele tinha acreditado com grande esforço, clamando de seu coração para que o Pobre Homem de Nazaré o mantivesse com o coração de uma criança.

Então, cerrou seus lábios, se perguntando por quanto tempo Padre Francis poderia suportar a pressão, e desceu a escada.

FIM DO PRÓLOGO

PRÓXIMO CAPÍTULO - O ADVENTO.