Jesse Owens, aquele atleta negro americano que ganhou 4 medalhas de ouro na Olimpíada de 1936 em Berlim, Alemanha, morreu em 1980 com 66 anos. Como aconteceu por toda a sua vida, seu falecimento foi usado pelas grandes redes de TV e imprensa para espalhar falsidades, que ganharam grande aceitação pelo público, pela sua repetição durantes os anos. Com a nomeação de uma rua de Berlin com o nome de Owens em 1984, houve nova oportunidade para que a mídia voltasse a repetir aquelas inverdades. Um exemplo disto foi a reportagem de um programa Notícias da Noite da NBC americana em 4 de março de 1984.
Os mitos, que são geralmente aceitados como fatos, dizem que Adolf Hitler ficara furioso quando Owens ganhava, que Hitler se recusara a apertar as mãos de Owens porque ele era negro, que os alemães ficaram desconcertados, porque as vitórias de Owens contradiziam as idéias germânicas sobre diferenças de raça, e assim por diante.
Na verdade, Owens foi tão bem aclamado pelos berlinenses, como qualquer outro alemão. O próprio Owens disse em uma ocasião que, enquanto ainda estava na estádio, ele olhara para a direção de Hitler: “Quando passei por ele, ele se levantou, acenou para mim e eu acenei de volta para ele.”
Quanto à alegada recusa em cumprimentá-lo, os fatos dizem um história diferente do que se geralmente se fala. Hitler estava em seu lugar determinado no 1º dia de competição, quando Hans Woellke quebrou o recorde olímpico em arremesso de peso e, com isso, tornou-se o 1º alemão a ganhar um campeonato de atletismo de campo e pista. A pedido de Hitler, Woellke e o 3º colocado, um outro alemão, foram levados até ele para receber os cumprimentos pessoais do chanceler.
Logo após, Hitler pessoalmente cumprimentou 3 filandeses que ganharam medalhas no corrida de 10.000 metros. Depois, mais duas alemãs que ganharam o 1º e 2º lugar no arremesso de dardo. O único outro evento programado naquele dia foi o salto em altura, que estava atrasado. Quando todos os atletas alemães foram eliminados, Hitler deixou o estádio já às escuras e com a chuva ameaçando cair e acabou assim não estando presente para cumprimentar os 3 medalhistas – todos dos Estados Unidos, e dois deles eram negros.
Hitler saiu porque já era tarde e não porque ele queria evitar cumprimentar alguém. Além disso, no momento em que Hitler saiu, ele não poderia saber se os vencedores seria brancos ou negros. O Conde Baillet-Latour, presidente do Comitê Olímpico Internacional, enviara comunicado ao líder alemão que, como convidado de honra dos Jogos, ele não necessitava cumprimentar ninguém. Assim, quando Jesse Owens ganhou o final dos 100 metros no dia seguinte, ele não foi publicamente cumprimentado por Hitler – nem qualquer outro medalhista que ganharia nos eventos seguintes.
Qualquer noção de que os alemães ficaram “embaraçados” com as vitórias dos não-brancos nos Jogos de Berlim é ridícula. Jesse Owens foi proeminentemente mostrado em Olympia, o documentário oficial alemão dos Jogos. Esta obra-prima de Leni Riefenstahl também devota ampla atenção para muitos outros não-brancos, incluindo-se grandes atletas japoneses. O mesmo acontece no livro de fotos oficial alemão, comemorando os Jogos, o Die Olympischen Spiele de 1936, onde Jesse Owens aparece por 7 vezes – mais do que qualquer outro atleta – e reconhecidamente referido como o “ o homem mais rápido do mundo.” Uma grande foto do livro mostra a gravação dos nomes dos vencedores no granito do estádio – e destacado na foto está: “Owens U.S.A.”
A despeito dos grandes feitos de Jesse Owens, e de outros atletas de todas as raças, a Alemanha ganhou mais medalhas de ouro do que qualquer outro país, assim “ganhando” as Olimpíadas – um fato que geralmente é ignorado quando se discutem os Jogos de 1936.
Em uma carta de 14 de março de 1984, para o Diretor da Televisão ZDF Alemã, , o ex-atleta Waither Tripps protestou contra uma falsa reportagem de que Hitler não cumprimentou publicamente Owens porque ele era negro. Tripps foi um famoso corredor nos Jogos de 1936. Depois de enviar sua carta de protesto, Tripps disse depois que, após os Jogos, Hitler convidou todos os vencedores olímpicos, incluindo Owens, para uma recepção na Chancelaria do Reich. Hitler pessoalmente congratulou e apertou as mãos de cada um dos medalhistas, incluindo Owens, que, depois, confirmou isto em várias ocasiões.
Traduzido de um artigo de Mark Weber, do Instituto para a Revisão Histórica, Fevereiro de 2009.