Senhor do Mundo
de Robert Hugh Benson
CAPÍTULO 2 , PARTE 1
A correspondência de Percy Franklin com o Cardel-Protetor da Inglaterra o deixava ocupado por pelo menos duas horas todos os dias, e por quase oito horas indiretamente.
Nos últimos oito anos, os métodos da Santa Sé haviam sido mais uma vez revisados em vista das dias de hoje, e agora toda a província importante pelo mundo possuia não somente um encarregado administrativo, mas também um representante em Roma, cujo tarefa era manter-se em contato com o Papa por um lado e com as pessoas que ela representava por outro. Em outras palavras, a centralização tinha seguido adiante rapidamente, e com a centralização, liberdade de métodos e expansão de influência. O Cardeal-Protetor da Inglaterra era Abade Martin, um Beneditino, e era tarefa de Percy, assim como de uma dezena de outros bispos, padres e laicos (com que, a propósito, ele era proibido de fazer qualquer consulta formal), escrever um extensa carta diária para ele sobre os assuntos que chegassem a seu conhecimento.
Portanto, era uma vida curiosa a que Percy levava. Ele tinha algumas salas designadas na residência do arcebispo em Westminster, e estava de certa forma ligado ao staff da Catedral, embora com considerável liberdade. Ele se levantou cedo, meditou por uma hora, após a qual celebrou sua missa. Tomou seu café logo depois, fez um pequeno ofício e depois sentou-se para escrever sua carta. Às dez horas, ele estava pronto para receber visitas e até o meio dia, estava geralmente ocupado ora com aqueles que viam vê-lo para assuntos particulares, ora com sua equipe de meia dúzia de assistentes, cuja tarefa era trazer a ele notícias escolhidas e seus próprios comentários. Ele então fazia o desejum com os outros padres da casa, saia logo após para visitar pessoas cujas opiniões eram necessárias, voltando para uma xícara de chá logo após as 16 horas. Após uma visita ao Santo Sacramento e o descanso no seu escritório, sentava-se para escrever sua carta, que embora fosse curta, precisava de muito cuidado e análise minuciosa. Após o jantar, ele fazia algumas anotações para o dia seguinte, recebia visitas novamente e ia dormir logo após as dez da noite. Duas vezes por semana, ele era incumbido de assistir às Vésperas de tarde, e geralmente cantava alto na missa dos sábados.
Era, portanto, uma vida curiosamente ocupada, com peculiares perigos.
Foi em um dia, uma semana ou duas após sua visita a Brighton, no momento em que ele estava terminando sua carta, seu criado o chamou para dizer que Padre Francis estava embaixo.
“Em dez minutos,” disse Percy, sem olhar para cima.
Ele acabou suas últimas frases, destacou a folha e pôs-se a relê-la, traduzindo-a inconscientemente do Latim para o Inglês.
"WESTMINSTER, 14 de Maio.
"EMINÊNCIA: Desde ontem , eu tenho um pouco mais de informações. Parece certo que o projeto de lei estabelecendo o Esperanto para todos os fins públicos será levado à aprovação em Junho. Recebi esta informação de Johnson. Esta, como já salientei antes, é a última pedra para nossa consolidação com o continente, que, no momento, deve ser lamentada… Espera-se um grande acesso de judeus na Maçonaria; até agora, eles têm se distanciado até certo ponto, mas a ‘abolição da Ideia de Deus’ deve atrair esses judeus, muito mais eles, que repudiam toda a noção de um Messias pessoal. É a ‘Humanidade’ aqui também, que está trabalhando. Hoje, eu ouvi o Rabi Simeon falar sobre este fato na Cidade, e fiquei impressionado pelo aplauso que ele recebeu… Contudo entre outros, há grande expectativa de que um homem aparecerá para liderar o movimento comunista e unificar as forças. Estou incluindo uma recorte extenso do jornal New People para este fim; está se espalhando por todos os lugares. Eles dizem que a causa vai dar luz a outra em breve; que eles tiveram profetas e precursores há centenas de anos e que depois cessaram. É estranho como isto coincinde superficialmente com os ideais Cristãos. Vossa Eminência pode observar que uma comparação da “nona onda” é usada com certa eloquência… ouvi hoje sobre a secessão de uma velha família Católica, os Wargraves de Norfolk, com o seu capelão Miclem, que devia estar pensando nisso há algum tempo. O jornal Epoch anuncia isto com satisfação, devido a circunstâncias peculiares; mas infelizmente tais acontecimentos não são raros agora… Há muita desconfiança entre a classe laica.
Sete padres da diocese de Westminster nos deixaram nos últimos três meses; por outro lado, eu tenho o prazer de informar a Vossa Eminência que sua Graça recebeu esta manhã na Comunhão Católica o ex-bispo anglicano de Carlisle, com meia dúzia de seu clero. Isto tinha sido aguardado há algumas semanas. Eu anexo também recortes do Tribune, do London Trumpet e do Observer, com meus comentários a respeito. Vossa Eminência verá o grande alvoroço com relação ao último.
"_Recomendação._ Essa excomungação formal dos Wargraves e dos oito padres deve se emitida em Norfolk e Westminster respectivamente, sem prévio aviso.”
Percy colocou a folha de papel sobre a mesa, juntou meia dúzia de outros papeis, que continham resumos e o atual comentário, assinou o último e colocou tudo no envelope impresso que estava pronto ao lado.
A seguir, pegou seu barrete e saiu para o elevador.
* * * * *
No momento em que ele entrou na sala envidraçada, viu que Padre Francis estava ali, aparentando estar doente, mas também havia um curiosa dureza nos olhos e na boca. Ele moveu a cabeça negativamente.
"Eu tenho de dizer adeus, padre. Não aguento mais."
Percy cuidou para não mostrar qualquer emoção. Ele fez um pequeno sinal para uma cadeira e sentou-se também. “É o fim de tudo,” disse o outro novamente em uma voz firme. “Eu não acredito em nada. Eu não venho acreditando em nada já faz um ano agora.”
“Você não tem sentindo nada, você quer dizer,” disse Percy.
“Isto não vai adiantar, padre,” continuou o outro. “Eu digo a você que não resta mais nada. Não consigo nem discutir agora. É apenas adeus.”
Percy não tinha nada a dizer. Ele conversara com este homem durante um período de mais de oito meses, desde que o Padre Francis havia lhe confiado de que sua fé estava minguando. Ele entendeu perfeitamente o estresse que tinha sido; ele sentiu compaixão pela pobre criatura que havia sido de alguma forma pego pelo vertiginoso e triunfante movimento da Nova Humanidade. Os fatos externos era muito preocupantes agora; e a fé, exceto para aquele que tinha aprendido que o Arbitrío e a Graça são tudo e emoção é nada, era como se fosse um criança perambulando no meio de enormes maquinários: ela poderia sobreviver ou não; mas ela teria que ter nervos de aço para se manter firme. Era difícil saber de quem seria a culpa; contudo a fé de Percy dizia a ele que não havia uma culpa devida. Nas épocas de fé, um entendimento muito inadequado da religião teria que ser avaliado; nestes dias de busca , ninguém a não ser o humilde e o puro poderiam passar pelo teste , e a não ser que eles estivessem protegidos por um milagre da ignorância. A aliança da Psicologia e do Materialismo parecia, sob certo ângulo, explicar tudo; ela precisava de uma robusta percepção sobrenatural para entender sua impropriedade prática. E em relação à responsabilidade pessoal do Padre Francis, ele não poderia deixar de perceber que haviam permitido o cerimonial desempenhar um papel muito grande em sua religião e haver muito poucas orações. Nele, o exterior havia absorvido o interior.
Assim, ele não permitiu que sua simpatia se mostrasse em seus olhos brilhantes.
“Você acha que é minha culpa, é claro,” disse o outro com firmeza.
“Meu querido padre,” disse Percy, imóvel em sua cadeira, “Eu sei que é sua culpa. Ouça-me. Você disse que o Cristianismo é absurdo e impossível. Agora, você viu que não é! Isto pode não ser verdadeiro—não estou falando disso agora, mesmo que eu esteja absolutamente certo que isto é verdadeiro- mas pode não ser absurdo desde que pessoas educadas e virtuosas continuem a apoiá-lo. Para dizer que é absurdo é puro orgulho; é considerar todos que acreditam nele, o tenham feito sem inteligência---“
“Muito bem, então,” interrompeu o outro; “ então suponha que eu retire isso, e simplesmente diga que eu não acredito que seja verdadeiro.”
“Não retire,” continuou Percy serenamente; “ você ainda realmente crê que seja absurdo; você me disse isto uma dezena de vezes. Bem, eu repito, que é orgulho, e suficiente o bastante para explicar isso tudo. É a atitude moral que importa. Pode haver outras coisas também---“
Padre Francis olhou incisivamente.
“Ah! A velha estória!” disse com desdém.
“Se você me disser sob sua palavra de honra de que não existe mulher no caso, ou nenhuma questão específica de pecado com que você proponha trabalhar, eu vou acreditar em você. Mas é uma velha estória, como você disse.”
“Juro que não há,” clamou o outro.
“Graças a Deus, então!” disse Percy. Há alguns obstáculos para um retorno da fé.”
Houve um silêncio por um instante, após isso. Percy não tinha realmente mais o que dizer. Ele tinha conversado com ele sobre a vida interior novamente, na qual as veracidades são vistas como verdadeiras, e atos de fé são ratificados; ele tinha insistido em oração e humildade até que estivesse cansado de ouvir os nomes; e ele tinha ficado desesperado em deixar claro para aquele que não visse por si próprio que, enquanto Amor e Fé pudessem ser chamados de auto-hipnotismo por um ângulo, contudo por outro, eles eram tanto realidade como, por exemplo, os talentos artísticos, que precisam de igual aperfeiçoamento. As evidências pareciam significar nada para este homem.
Assim, ele estava quieto agora, sentindo a presença desta crise, olhando a velha sala, sua janela alta, sua faixa de moldura, consciente principalmente da terrível falta de esperança deste seu irmão, que tinha olhos, mas não conseguir ver, ouvidos, mas não conseguia ouvir. Ele queria dizer adeus e sair. Não havia mais nada a fazer.
Padre Francis, que estava sentado de um jeito desajeitado, parecia ler seus pensamentos, ergueu-se de repente.
“Você está cansado de mim,” disse ele. “Vou embora.”
“Não estou cansado de você, meu caro padre,” disse Percy simplesmente. “Estou muito sentido. Você sabe que eu sei que tudo é verdade.”
O outro olhou para ele com seriedade.
“E eu sei que não é,” disse ele. “ Isto é muito bonito; eu gostaria de acreditar. Não acho que deverei ser feliz novamente—mas—mas aí está.”
Percy suspirou. Ele tinha dito a ele muitas vezes que o coração é uma dádiva tão divina como a mente, e que o negligenciar na busca de Deus é procurar ruína, mas este padre raramente tinha entendido a aplicação para si próprio. Ele tinha respondido com os velhos argumentos psicológicos, que as sugestões da educação explicavam tudo.
“Eu suponho que você vai se livrar de mim,” disse o outro.
“É você que está me deixando,” disse Percy. “Eu não posso segui-lo, se você pensa dessa forma.”
“Mas—mas não podemos ser amigos?”
Um repentino sentimento tocou o coração do velho padre.
“Amigos?” disse ele. “O sentimentalismo é tudo que você quer dizer por amizade? Que espécie de amigos podemos ser?”
O rosto do outro de repente se tornou sério.
“Achei que sim.”
“John!” clamou Percy. “Você está vendo, não? Como podemos aparentar algo quando você não acredita em Deus? Pois eu ouso pensar que você não acredita.”
Francis se levantou.
“Bem---“ disse ele. “Eu poderia não ter acreditado—Estou indo.”
Ele caminhou para a porta.
“John!” disse Percy de novo. “Você vai embora assim? Podemos apertar as mãos?”
O outro virou-se novamente, com ira na sua face.
"Ora, você disse que não poderíamos ser amigos!”
Percy abriu a boca. Então, ele entendeu e sorriu. “Ah! É tudo que você quer dizer por amizade, não é?—Peço seu perdão. Ah! Podemos ser educados um com o outro,se quiser.
Ele ainda mantinha sua mão estendida. Padre Francis olhou para ela um pouco e seus lábios tremeram: daí, uma vez mais ele tornou-se a virar e saiu sem uma palavra.
Capítulo 2, Parte 2
Percy ficou imóvel até que ele ouvi a campainha automática soasse, para informar que o Padre Francis tinha mesmo ido embora. A seguir, ele também saiu e caminhou para a longa passagem em direção à Catedral. Ao passar pela sacristia, ele ouviu o som de um órgão, e entrando na capela usada como igreja paroquial, ele percebeu que ainda não haviam terminado as Vésperas com o grande coro. Desceu a nave lateral, virou à direita, persignou-se e ajoelhou.
Estava começando o por do sol, e aquele enorme lugar escuro era apenas iluminado aqui e ali por luzes sobre o bonito mármore e adornos doados por um convertido de posses. Na frente dele, erguia-se o recinto do coral, com uma faixa de sobrepeliz branca e cânones forrados em cada lado, e o vasto baldaquino no meio, abaixo do qual haviam seis velas queimando dia a dia por mais de um século; e ainda atrás ficava um oratório sobre o qual Cristo reinava com majestade. Ele olhou ao redor por alguns momentos antes de iniciar suas preces, sorvendo da glória do lugar, ouvindo o coro estrondoso, o ressoar do órgão, e a voz macia do padre.
Lá na esquerda havia o brilho das lâmpadas que estavam acesas antes do Sacramento do Senhor, na direita um dezena de velas aqui e ali cintilavam ao pé de imagens sombrias e acima estava pendurada a gigantesca cruz com o magro e débil Homem Pobre que chamou a todos que o olhavam para o abraços de Deus.
A seguir, cobriu seu rosto com as mãos, fez algumas longas inspirações e pôs-se a começar.
Ele iniciou, como era seu costume na oração mental, por um ato deliberado de auto-exclusão do mundo dos sentidos. Sob a imagem de se afundar sob uma superfície, ele forçava para baixo e para cima, até que o repique do órgão, o barulhos dos passos, a rigidez das costas da cadeiras em seus punhos—tudo parecesse à parte e externo, e ele restava como uma pessoa simples com um coração pulsante, um intelecto que sugestionava imagem após imagem, e emoções que eram por demais lânguidas para se atiçarem. Depois, fez sua segunda descida, renunciava tudo que ele possuía e o que era, e tornava-se consciente de que até mesmo o corpo era deixado para trás, e que sua mente e coração, assombrados pela Presença, agarravam firmes e obedientes ao seu senhor protetor. Inspirou mais uma ou duas vezes ao sentir aquela Presença ao seu redor; ele repetia algumas palavras mecanicamente, e prostrou-se ante aquela paz que segue ao abandono do pensamento.
A seguir, descansou por um momento. Ao longe, soava a música estática, um toque de trompetes e o som agudo das flautas; mas eles eram como barulhos insignificantes da rua para quem estava adormecido. Ele estava agora na profundidade das coisas, além das barreiras do sentido e da reflexão, naquele lugar sagrado para cujo caminho ele havia aprendido a seguir por grandes esforços, naquela região estranha onde as realidades são evidentes, onde as percepções vão para lá e para cá com a velocidade da luz, onde o desejo oscilante capta este, agora aquele ato, o molda e o acelera; onde todas as coisas se encontram, onde a verdade é conhecida, controlada e experimentada, onde o Deus Imanente é uno com o Deus Transcendente, onde o significado do mundo exterior é evidente através do seu lado interior, e a Igreja e seus mistérios são vistos de uma névoa de glória.
Assim ficou por alguns momentos, absorvendo e descansando.
A seguir, despertou e começou a falar.
“Senhor, estou aqui, e Vós estais aqui. Eu Te conheço. Não há nada além de Vós e eu… Eu deixo tudo em Tuas mãos—Vosso padre apóstata, Vosso povo, o mundo, e eu mesmo. Eu ofereço isto diante de Ti—Eu ofereço isso diante de Ti.”
“Eu mesmo, Senhor—onde mais por Vossa graça devo ir, na escuridão e no pesar. É Vós que me preserva. Mantenha e acabe Vossa obra dentro de minha alma. Não me deixe hesitar por qualquer instante. Se Vós retirais Vossa mão, vou cair no completo abismo.”
Assim sua alma permaneceu por um momento, com suas mãos estendidas e apelativas e confiantes. A vontade o fazia querer voltar para a auto-consciência, e daí ele repetia seus atos de fé, esperança e amor para fortalecê-la. A seguir, inspirou novamente, sentindo a Presença tocá-lo e começou novamente.
“Senhor; olhe para Vosso Povo. Muitos O estão deixando. Ne in aeternum
irascaris nobis. Ne in aeternum irascaris nobis_... Eu me uno com todos os santos e anjos e a Maria Rainha dos Céus; olhe para eles e para mim, e nos ouça. _Emitte lucem tuam et veritatem tuam._ Vossa luz e Vossa verdade! Não nos faça carregar mais que possamos suportar. Senhor, por que Tu não falas!”
Ele contorceu-se para a frente em uma posição de desejo, ouvindo seus ossos estalarem pelo esforço. Uma vez mais ele se relaxava; e começavam o conjunto de atos sem palavras os quais ele sabia que eram o próprio âmago da oração. Os olhos de sua alma voavam de um lado para outro, do Calvário para os Céus e de volta novamente para a terra atormentada. Ele via Cristo morrendo em desolação enquanto a terra tremia e gemia; Cristo reinante como um padre sob Seu Trono em mantos de luz, Cristo paciente e inexoravelmente calado; e para cada um ele dirigia os olhos do Pai Eterno…
A seguir, ele esperou por comunicados, e eles chegaram, tão suaves e delicados, passando pelas sombras, que sua vontade suava sangue e lágrimas no esforço de agarrá-los e fixá-los e corresponder…
Ele viu o Corpo Místico em sua agonia, desfalecido sobre o mundo como em uma cruz, quieto na dor; ele via este ou aquele nervo sendo torcido e puxado, até que a dor apresentava-se a ele sob a imagem de flashes de cores; ele via o sangue pingar gota a gota de Sua Cabeça, pés e mãos. O mundo se reunia com alegria e zombaria. “Ele salvou os outros: A Si mesmo Ele não consegue salvar… Se Cristo sair da Cruz, nós acreditaremos.” Longe atrás das moitas e buracos no chão, os amigos de Jesus olhavam furtivamente e soluçavam; Maria estava calada, lancinada pelas sete espadas; a discípula a quem Ele amou e não tinha palavras de conforto.
Ele via, também, como palavra alguma seria ecoada dos céus; os anjos eram solicitados a colocar as espadas nas bainhas e aguardar pela eterna paciência de Deus, pois a agonia apenas havia começado; havia milhares de horrores ainda, antes que o fim chegasse ao ato final da crucifixação.. Ele deveria esperar e assistir, satisfeito por estar ali e não fazer nada; e a Resurreição deveria parecer para ele nada mais que um esperança sonhada. Havia ainda o Sabbath para vir, enquanto o Corpo Místico deveria deitar na sua sepultura escura, e até mesmo a dignidade da Cruz deveria ser retirada e o conhecimento de que Jesus havia vivido. Aquele mundo interior, para o qual ele havia aprendido muito para chegar até ele, era cheio de agonia; com gosto de água salgada. Era aquela pálida luminosidade que advém da dor, zumbia em seus ouvidos como uma nota que subia até ao som de um grito… pressionava sobre ele, o penetrava, o esticava .. E com isso, sua vontade e se tornava fraca e desanimada.
“Senhor! Não posso suportar isso!” , queixou-se…
Em um instante, voltou a si novamente, com longos suspiros de pesar. Passou a língua pelos lábios e abriu seus olhos ante a escuridão da abside diante dele. O órgão estava parado, o coro tinha ido embora e as luzes estavam apagadas. A cor do por do sol, também, havia se esvanecido nas paredes e os rostos frios das imagens olhavam para ele. Ele estava de volta para a vida; a visão tinha de dissolvido; ele quase nem sabia o que foi que havia acontecido.
Mas ele deveria continuar com seus assuntos e juntar esforços para absorvê-los. Ele deveria retribuir, também, sua obrigação ao Senhor pelos sentidos assim como pelo espírito interior. Levantou-se rígido e contido, e caminhou pela Capela do Santo Sacramento.
Ao sair das fileiras dos bancos, ereto e alto, com seu barrete uma vez mais sobre os cabelos brancos, ele viu uma velha senhora olhando para ele muito atentamente. Ele hesitou por um instante, curioso em saber se ela era uma penitente, e neste mesmo instante, ela fez um movimento em direção a ele.
Desculpe-me, senhor,” ela disse.
Ela não era uma católica, então. Ele levantou seu barrete.
“Posso fazer algo pela senhora?”, perguntou ele.
“Desculpe-me, senhor, mas o senhor não esteve em Brighton, no acidente de dois meses atrás?”
“Estive.”
“Ah! Achei mesmo: minha nora viu o senhor então.”
Percy teve um espasmo de impaciência: ele já estava um pouco cansado de ser identificado pelos cabelos brancos e o rosto jovial.
“A senhora estava lá?”
Ela olhou para ele com curiosidade e com ar incerto, movendo seus olhos idosos para cima e para baixo da sua figura. A seguir, ela se recolheu.
“Não, senhor; foi apenas minha nora-Desculpe-me, senhor, mas---“
“E então?” perguntou Percy, tentando não mostrar impaciência na sua voz.
“O senhor é o Arcebispo?”
O padre sorriu, mostrando os dentes brancos.
“Não, senhora; sou apenas um pobre padre. Dr. Cholmondeley é o Arcebispo. Sou o Padre Percy Franklin.”
Ela não disse nada, mas ainda olhando para ele, fez um gesto antigo de reverência; e Percy seguiu para a esplêndida capela para prestar suas devoções.
Capítulo 2, Parte III
Houve uma grande discussão naquela noite ao jantar entre os padres a respeito do extraordinário avanço da Maçonaria. Já estava acontecendo há vários anos e os Católicos reconheciam perfeitamente seus perigos, pois a profissão da Maçonaria havia sido por muitos séculos como imcompatível com a religião, de acordo com a direta condenação por parte da Igreja. Um homem devia escolher entre ela e a sua fé. As coisas haviam se desenvolvido extraordinariamente pelo último século. Primeiro, houve o ataque organizado sobre a Igreja na França; e o que os Católicos tinham sempre suspeitado então, tornara-se uma certeza pelas revelações de 1918, quando P. Gerome, o Dominicano e ex-maçon, tinha mostrado informações com respeito aos Marco-Maçons. Havia se tornado evidente então, que os Católicos estavam certos e aquela Maçonaria, em seus maiores graus, tinha sido responsável no mundo todo pela movimento singular contra a religião. Mas ele morreu em seu leito, e o público ficara impressionado por este fato. A seguir, vieram as enormes doações na França e Itália--- para hospitais, orfanatos e afins; e uma vez mais a suspeita começou a se desvanecer. Afinal, parecia-- e continuava a parecer—que por setenta anos ou mais a Maçonaria não era mais que uma grande sociedade de fins filantrópicos. Agora, uma vez mais os homens tinha suas dúvidas.
“Eu ouvi dizer que Felsenburgh é Maçon,” observou Monsenhor Macintosh, o administrador da Catedral. “Um Grão-Mestre ou algo assim.”
“Mas quem é Felsenburgh?” colocou um jovem padre.
Monsenhor franziu os lábios e balançou a cabeça negativamente. Ele era uma daqueles humildes pessoas tão orgulhosas da ignorância, como outras do conhecimento. Ele se jactava de que nunca lia os jornais nem outros livros, que não fossem aqueles que ele tinha recebido o _imprimatur_; era assunto do padre, ele sempre observava, o de preservar a fé, não adquiri-la do conhecimento mundano. Percy vez ou outra invejava este ponto de vista dele.
“Ele é um mistério,” disse um outro padre, Padre Blackmore; “ mas ele parece estar causando grande agitação. Eles estão vendendo seu “Vida” na Embankment (Estação de Metrô em Londres).
“Eu me encontrei com um senador americano,” disse Percy, “três dias atrás, que disse que até mesmo lá, não sabem nada dele, exceto sua extraordinária eloquência. Ele apenas apareceu no ano passado, e parece estar carregando tudo atrás dele por métodos pouco usuais. Ele é um grande linguista, também. Por isso, que eles o levaram par Irkutsk (Rússia).”
“Ora, os maçons---“ continuou o Monsenhor. “Isto é muito sério. No mês passado, quatro de meus penitentes me deixaram devido a eles.”
“A permissão de entrada de mulheres foi um golpe de mestre,” resmungou Padre Blackmore, se servindo de vinho tinto.
“É extraordinário que eles tenham hesitado por tanto tempo sobre isso, “ observou Percy.
Alguns dos outros complementaram com suas evidências. Parecia que eles também tinha perdido penitentes recentemente, devido à expansão da Maçonaria. Havia rumores de que uma Pastoral estava sendo preparada para o assunto.
Monsenhor meneou a cabeça preocupadamente.
“É preciso mais do que isso,” disse ele.
Percy salientou que a Igreja tinha dado seu último aviso há vários séculos. Ele tinha dado a excomungação para todos os membros de sociedades secretas, e não havia mais o que ela poderia fazer.
“Exceto trazê-la diante de seus filhos repetidas vezes,” colocou o Monsenhor.
“Vou pregar sobre isso no próximo Domingo.”
* * * * *
Percy fez uma nota quando chegou à sua sala, determinando falar uma ou outra palavra sobre o assunto para o Cardeal-Protetor. Ele já tinha mencionado várias vezes a Maçonaria, mas era hora de fazer nova observação. A seguir, abriu suas cartas, primeiro olhando para uma que ele reconhecia ser do Cardeal.
Parecia ser um grande coincidência, ao ler um série de perguntas que estavam na carta do Cardeal Martin, que uma delas deveria ser sobre aquele assunto. Lia da seguinte forma:
“E sobre a Maçonaria? Dizem que Felsenburgh é um deles. Reuna tudo o que se fala dele. Envie biografias inglesas ou americanas sobre ele. Vocês ainda está perdendo Católicos para a Maçonaria?”
Ele correu os olhos para o resto das perguntas. Elas se referiam às observações que ele havia feito antes, mas por duas vezes o nome de Felsenburgh aparecia.
Ele colocou o papel na mesa e pensou um pouco.
Era muito curioso, ele pensava, como o nome desse homem estava na boca de todo o mundo, a despeito do fato de que pouco se sabia dele. Ele havia comprado nas ruas, por curiosidade, três fotos que diziam representar esta estranha figura e embora uma delas pudesse ser genuína, todas as três não podiam ser. Tirou-as de dentro da sua escrivaninha e espalhou-as diante dele.
Uma representava um criatura feroz e barbada como um cossaco, com grandes olhos arregalados. Não; evidência intrínseca eliminava esta; era exatamente como uma imagem tosca teria representado um homem que parecia ter um grande influência no Oriente.
A segunda mostrava um rosto gordo com pequenos olhos e de barba no queixo. Essa poderia ser genuína: ele a virou e viu o nome de uma empresa de Nova York no verso. Depois, viu a terceira foto. Este apresentava um rosto longo, barbeado com pince-nez, indiscutivelmente inteligente, mas não tão forte: e Felsenburgh era obviamente um homem forte.
Percy inclinou-se para pensar que a segunda era a mais provável; mas eram todas não convincentes; reuniu-as com desleixo e guardou.
A seguir, pousou os ombros na mesa e começou a pensar.
Ele tentou se lembrar o que o Sr. Varhaus, o senador americano, tinha dito a ele sobre Felsenburgh; contudo não era suficiente para explicar os fatos. Felsenburgh, ao que parecia, não havia empregado os métodos comuns da moderna política. Ele não controlava jornais, não injuriava ninguém, não desafiava ninguém: não escolhera subordinados; não usava de propinas; não se conheciam grandes crimes alegados contra ele. Parecia que sua originalidade se apoiava nas suas mãos limpas e seu passado sem mácula— e no seu carisma. Ele era um espécie de figura que pertencia a uma era de nobreza: uma personalidade pura, limpa e atraente, como uma criança radiante. Ele tinha pego as pessoas de surpresa, emergindo das águas turvas do socialismo americano como uma visão--- daquelas águas tão fortemente contidas diante de uma grande tempestade, desde a extraordinária revolução social sob o domínio dos discípulos do Sr. Hearst, há um século. Isso havia sido o fim da plutocracia; as velhas e famosas leis de 1914 tinham explodido as antigas ilusões da época; e as aprovações das leis de 1916 e 1917 tinha evitado que elas se formassem de novo na mesma força anterior. Tinha sido a salvação da América, indiscutivelmente, mesmo se esta salvação fosse de uma descrição sombria e sem inspiração; e agora desse nível socialista tinha se erguido uma figura completamente diferente de tudo que o havia precedido.. Assim havia indicado o senador… era muito complicado agora para Percy e ele desistiu.
Era um mundo fatigado, ele dizia para si, voltando seus olhos para casa. Tudo parecia sem esperança e sem jeito. Ele tentava não transparecer para seus padres colegas, mas pela 50ª vez ele não poderia deixar de compreender que eles não eram os homens certos para a situação presente. Não era que ele preferia a si; ele sabia perfeitamente bem que ele, também, era incompetente: ele já não tinha provado isso com o pobre Padre Francis, e outros tantos que vieram até ele em agonia durante os últimos dez anos? Até mesmo o Arcebispo, homem sagrado como era ele, com toda sua fé inocente—era aquele homem que lideraria os Católicos Ingleses e derrotar seus inimigos? Não parecia haver grandes homens na terra nestes dias. O que deveria ser feito? Ele cobriu sua face com as mãos…
Sim: o que era necessário era uma nova Ordem na Igreja; as velhas foram superadas, apesar de não terem falhas em si próprias. Uma Ordem era necessária sem hábitos ou tonsura, sem tradições ou costumes, uma Ordem com nada a não ser completa e sincera devoção, sem orgulho até mesmo nos mais sagrados privilégios, sem um história passada na qual possa tomar um refúgio complacente. Devem ser os franco-atiradores do Exército de Cristo; como os jesuítas, mas sem suas reputações fatais, as quais, também, não tinham falhas em si próprias… Mas deve haver um Fundador—Quem, em nome de Deus?—um Fundador _nudus sequens Christum nudum _... Sim—Franco-atiradores—padres, bispos, laicos e mulheres--- com os três votos da pobreza, castidade e obediência, e uma cláusula especial de proibir completamente e para sempre a propriedade de riqueza financeira.—Todo presente recebido deve ser entregue ao bispo da diocese na qual foi dado, que deve prover para as necessidades de viver e de viajar.
Ah!—o que eles não poderiam fazer?... imaginou ele.
Depois, ele se recuperou dos pensamentos, chamando a si de tolo. Não era esquema tão velho como as eternas montanhas e tão inútil para fins práticos? Ora, tinha sido um sonho de todo homem zeloso desde o Primeiro Ano da Salvação que tal Ordem deveria ser fundada!... Ele era um tolo…
Mais uma vez, começou a pensar sobre tudo de novo.
Certamente era isso que era necessário contra os Maçons; e as mulheres, também.—Não tinha sido que todos os planos haviam dado errado, porque os homens esqueciam o poder das mulheres? Foi esta falta que arruinou Napoleão: ele tinha confiado em Josefina, e ela falhou com ele; assim ele deixou de confiar em todas as outras mulheres. Na Igreja Católica, também, não há espaço ativo de trabalho para as mulheres a não ser trabalho servil ou ligado à educação; e não havia espaço para outras atividades fora essas? Bem, era inútil pensar nisso. Não era de sua conta. Se _Papa Angelicus_ que agora reinava em Roma não tinha pensado nisso, por que um padre tolo e presunçoso de Westminster iria se importar com isso?
A seguir, bateu no peito uma vez mais e pegou seu livro.
Ele terminou em meia hora, e de novo ficou pensando; mas desta vez, foi sobre o pobre Padre Francis. Ele queria saber o que ele estaria fazendo agora; se ele havia retirado o colarinho Romano? O pobre diabo! E quanto ele, Percy Franklin, seria responsável?
Quando ouviu um batida na porta e Padre Blackmore olhou para dentro para ter um bate-papo antes de ir para cama, Percy disse a ele o que havia acontecido.
Padre Blackmore tirou seu cachimbo e suspirou deliberadamente.
“Eu sabia que estava acontecendo, “ disse ele, “Ora,ora.”
“Ele tinha sido bastante honesto,” explicou Percy. “Ele me disse há oito meses que estava com problemas.
Padre Blackmore aspirou seu cachimbo pensativo.
“Padre Franklin,” ele disse, “as coisas estão realmente muito sérias. Sempre a mesma história em todo o lugar. O que está acontecendo afinal?”
Percy pausou antes de responder.
“Eu acho que estas coisas chegam em ondas,” ele disse.
“Em ondas, você acha?” disse o outro.
“O que mais?”
Padre Blackmore o fitou com interesse.
“Esta mais como uma calmaria, parece-me,” ele disse. “ Você já esteve em um tufão?”
Percy balançou a cabeça negativamente.
“Bem,” continuou o outro, “ a coisa mais sinistra é a calmaria. O mar é como o óleo; você se sente meio morto; você não pode fazer nada. E depois chega a tempestade.”
Percy fitou, interessado. Ele não tinha visto esta disposição de espírito no padre antes.
“Antes de todo grande desastre, tem esta calmaria. É sempre assim na história. Foi assim na Guerra Oriental; foi assim antes da Revolução Francesa. Foi assim antes da Reforma. Há uma espécie de languidez. A mesma coisa tem sido na América, também, por mais de 80 anos… Padre Franklin, eu acho que algo vai acontecer.”
“Diga me,” disse Percy, inclinando-se para a frente.
“Bem, eu vi Templeton uma semana antes de morrer, e ele colocou a ideia na minha cabeça…. Olhe aqui, Padre. Pode ser este caso do Oriente que esteja vindo sobre nós; mas de alguma forma, eu não acho que seja. É na religião que algo vai acontecer. Pelo menos, assim eu acho… Padre, quem em nome de Deus é Felsenburgh?”
Percy se assustou à repentina introdução deste nome de novo, que ele olhou por um momento sem falar.
Do lado de fora, a noite de verão estava serena. Havia ainda uma leve vibração de vez em quando da pista subterrânea que corria a quase vinte metros da casa onde eles estavam; mas as ruas estavam bastante calmas ao redor da Catedral. Às vezes um pio se ouvia ao longe, como se uma série de pássaros agourentos estivesse cruzando por Londres e o grito agudo de uma mulher chegava vindo da direção do rio. De resto, não havia mais que o som solene e suave que nunca parava agora, de dia e de noite.
“Sim; Felsenburgh,” disse Padre Blackmore uma vez mais. “Não posso tirar este homem da minha cabeça. E o que você sabe sobre ele? O que alguém sabe sobre ele?”
Percy lambeu os lábios para responder, e inspirou para controlar a batida de seu coração. Ele não podia entender por que ele estava com ansiedade. Afinal, quem era o velho Blackmore para assustá-lo? Mas o velho Blackmore começou a falar antes dele.
“Veja como as pessoas estão deixando a Igreja! Os Wargraves, os Hendersons, Sir James Bartlet, Lady Magnier e depois todos os padres. Agora eles não são todos valetes—Eu queria que fossem; seria muito mais fácil falar disso. Mas Sir James Bartlet, no mês passado! Veja, este é um homem que gastou metade de sua fortuna na Igreja, e ele não se arrepende disso até hoje. Ele diz que qualquer religião é melhor que nenhuma, mas isto, por ele mesmo, ele não conseguia acreditar mais. E o que tudo isso significa?... Eu digo que algo vai acontecer. Deus sabe o quê! E eu não consigo tirar Felsenburgh da minha cabeça… Padre Franklin--- ”
“Sim?”
“Você já percebeu quantos poucos homens importantes nós temos? Não é como há 50 anos, ou mesmo 30 anos atrás. Então, havia Mason, Selborne, Sherbrook e meia dúzia de outros. Havia o Brightman, também, como Arcebispo: e agora! Depois os Comunistas, também. O Braithwaite está morto há quinze anos. Certamente ele era importante; mas ele estava sempre falando do futuro, não do presente; e me diga qual homem importante tem aparecido desde então! E agora vem este homem, quem ninguém sabe, que apareceu na América há alguns meses e cujo nome está na boca de todo mundo. Ora, essa!”
Percy franziu a testa.
“Não tenho certeza que eu entendi,” disse ele.
Padre Blackmore bateu seu cachimbo antes de responder.
“Bem, isto”, disse ele, ficando de pé. “ Eu não consigo deixar de pensar que Felsenburgh vai fazer algo. Não sei o quê; pode ser a nosso favor ou contra. Mas ele é Maçon, lembre-se disso… Ora, ora; ouso dizer que sou um tolo. Boa noite.”
“Um momento, padre,” disse Percy lentamente. “Você quer dizer-- Meu Deus! O que você quer dizer?” Ele parou, olhando para o outro.
O velho padre olhou de volta sob suas fartas sobrancelhas; parecia para Percy que ele estivesse com medo de algo, apesar de terem tido uma conversa ligeira; mas ele não fez sinal algum.
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Percy ficou imóvel por um momento quando a porta foi fechada. A seguir, ele caminhou até seu _prie-dieu_.
Fim do Capítulo 2
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