Parte
1
Houve
um exclamação e depois um silêncio, quando uma moça alta e bonita com o rosto
ruborizado e olhos cinzentos brilhantes entrou e parou, seguido por um homem a
quem Percy reconheceu imediatamente pelas suas fotos. Uma pequena lamúria veio
da cama, e o padre instintivamente levantou sua mão para silenciá-la.
“Ora,”
disse Mabel; olhando para o homem com rosto jovial e cabelos brancos.
Oliver
abriu e fechou os lábios. Ele também estava com estranha excitação no rosto.
Depois, falou.
“Quem
é este?” disse deliberadamente.
“Oliver,”
respondeu a moça rapidamente, “este é o padre que eu vi---“
“Um
padre!” disse o outro, adiantando um passo. “Ora, eu pensei---“
Percy
respirou profundamente para acalmar a tensão na sua garganta.
“Sim,
sou um padre," disse ele.
Novamente,
houve uma lamúria vinda da cama; e Percy, fazendo meia volta para aquietá-la,
viu a moça mecanicamente afrouxar a fivela do casaco sobre seu vestido branco.
"A
senhora pediu que ele viesse, mãe?" disse o homem , com um tremor na sua
voz, e com um impulso de todo seu corpo. Mas a garota esticou a mão.
"Calma,
minha querida," disse ela. "Agora, senhor---"
"Sim,
sou um padre, ," disse Percy novamente
e sem saber o que tinha dito.
"E
o senhor vem até a minha casa!” exclamou o homem. Ele chegou mais perto e um
tanto recolhido. “Você jura que é um padre?” disse ele. “Você esteve por aqui
toda a noite?”
“Desde
a meia noite.”
“E
você não é---“ interrompeu novamente.
Mabel
ficou bem entre eles.
“Oliver,”
disse ela, ainda com o ar tenso sufocado., “ não devemos discutir aqui. A pobre
está muito doente. Poderia vir até embaixo, senhor?”
Percy
deu um passo em direção à porta, e Oliver acompanhou um pouco ao lado. A seguir o padre parou,
virou e levantou sua mão.
“Deus
a abençoe!” disse simplesmente para a figura na cama. Depois, saiu e esperou do
lado de fora da porta.
Ele
pôde ouvir uma conversa em tom baixo do lado de dentro; depois um murmúrio de
compaixão da voz da moça; a seguir, Oliver estava ao lado dele, todo tremendo,
branco como cal, fazendo um gesto ao passar por ele, em direção às escadas.
*
* * * *
Tudo
aquilo parecia para Percy como se fosse um sonho incrível; foi tudo inesperado,
não verdadeiro para a vida. Ele estava consciente de uma enorme vergonha perante
a sordidez do caso, e ao mesmo tempo, uma espécie de negligência sem fim. O
pior tinha acontecido e o melhor- isto era seu único conforto.
Oliver
abriu uma porta, apertou um botão e entrou pelo quarto iluminado, seguido por
Percy. Ainda em silêncio, ele indicou uma cadeira. Percy sentou-se e Oliver
ficou de pé diante da lareira, com suas mãos nos bolsos do casaco, levemente
virado para o lado.
Percy,
com seus sentidos concentrados, tomou conhecimento de todos os detalhes do
quarto—o carpete verde e alto, macio debaixo dos seus pés, as cortinas finas de
seda, meia dúzia de mesinhas com variedade rica de flores sobre elas, e os
livros que cercavam as paredes. A sala toda estava com o cheiro forte de rosas,
embora as janelas estivessem abertas e a brisa noturna mexia as cortinhas repetidamente.
Era um quarto de mulher, disse para si mesmo. Depois, olhou para a figura do
homem, flexionada, tensa, ereta; o terno cinza escuro não diferente do seu, a
bonita curvatura do queixo, de complexão clara, o pequeno nariz, e a curva
intensa de idealismo nos olhos e os cabelos escuros. Era o rosto de um poeta,
disse a si, e de uma personalidade forte. Depois, virou um pouco os olhos e
levantou-se quando a porta abriu e Mabel entrou, fechando-a.
Ela
veio direto para seu marido, colocando uma mão sobre seu ombro.
“Sente-se,
meu bem,” disse ela. “Devemos conversar um pouco. Por favor, sente-se, senhor.”
Os
três se sentaram. Percy de um lado, e o marido e esposa diretamente do lado
oposto.
A
moça recomeçou.
“Isto
deve ser arrumado imediatamente,” disse ela, “ mas não devemos fazer tragédia.
Oliver, você entendeu? Você não dever fazer uma cena. Deixe isto comigo.”
Ela
falou com curiosa exuberância; e Percy, para seu assombro, viu que ela era
muito sincera: não havia nada de cinismo.
“Oliver,
meu bem,” ela disse novamente, “não esbraveje! Está tudo bem agora. Eu vou
administrar isso.”
Percy
deparou-se com um olhar venenoso dirigido a ele pelo homem; a garota viu isso
também, trocando de olhares entre um e o outro. Ela colocou sua mão sobre seu
joelho.
“Oliver,
ouça! Não olhe para este senhor de modo tão amargo. Ele não fez mal algum.”
“Mal
algum!” murmurou o outro.
“Nenhum
mal mesmo. O que importa no que aquela pobre figura pensa lá em cima? Mas,
senhor, o senhor poderia nos dizer porque veio aqui?”
Percy
inspirou novamente. Ele não tinha esperado por esta frase.
“Eu
vim aqui para recepcionar a Senhora Brand de volta para a Igreja,” disse ele.
“
E o senhor o fez?”
“Fiz.”
“Poderia
nos dizer seu nome? Tornaria isso mais conveniente.
Percy
hesitou. Depois, determinou-se a enfrentá-la de igual para igual.
“Sim,
claro. Meu nome é Franklin.”
“Padre
Franklin?” perguntou a moça, com um leve toque de sarcasmo na primeira palavra.
“Sim.
Padre Percy Franklin, da Casa do Arcebispo, Westminster,” disse o padre com
firmeza.
“Bem,
então, Padre Percy Franklin; pode nos dizer porque veio aqui? Quero dizer, quem
pediu para vir?”
“A
Senhora Brand pediu.”
“Sim,
mas de que maneira?”
“Isto
não posso dizer.”
“Ah,
muito bem… Podemos saber qual o benefício de ser ‘recebido de volta para a
Igreja’?”
“Sendo
recebida de volta para a Igreja, a alma se reconcilia com Deus.”
“Ah!
(Oliver, fique quieto) E como o senhor faz isso, Padre Franklin?”
Percy
levantou-se abruptamente.
“Isto
de nada adianta, senhora,” disse ele. “Qual o propósito destas perguntas?”
A
moça olhou para ele com os olhos assombrados, ainda com a sua mão no joelho do
marido.
“A
finalidade, Padre Franklin! Ora, queremos saber. Há alguma lei na igreja que
impeça o senhor de nos dizer, há?”
Percy
hesitou novamente. Ele não entendia aonde ela queria chegar. Depois, viu que
ele daria vantagem a eles se acabasse perdendo a cabeça: assim, sentou-se
novamente.
“Certamente
que não há. Vou lhe dizer se quiser
saber. Eu ouvi a confissão da Senhora Brand e lhe dei a absolvição.
“Ah!
Sim; e isso arruma tudo, então? E o que vem depois?”
“Ela
deve receber a Santa Comunhão, e ser
ungida, se estiver em perigo de morte.”
Oliver
contraiu-se repentinamente.
“Cristo!”
disse ele.
“Oliver!”
suplicou a moça. “Favor, deixe isso comigo. É melhor assim.—E então, suponho,
Padre Franklin, o senhor que dar essas outras coisas para minha mãe, também?”
“Não
são absolutamente necessárias,” disse o padre, sentindo, não sabia como, que
ele estava disputando um jogo, fadado a perder.
“Ah!
eles não são necessários? Mas o senhor gostaria de dar?”
“Eu
o faria, se possível. Mas já fiz o que era necessário.”
Teve
que se esforçar para manter-se quieto, depois desta frase. Ele era um homem que
havia se preparado com forja de aço, mas sabia que seu inimigo estava na forma
de vapor sutil. Ele simplesmente não tinha ideia do que fazer a seguir. Ele
teria dado qualquer coisa para ver o homem se levatar e aguarrar sua garganta,
pois a moça era demais para ambos.
“Sim,”
ela disse suavemente. “Bem, é pouco provável que meu marido lhe dê permissão
para o senhor vir aqui de novo. Mas estou satisfeita de que o senhor tenha
feito o que achou necessário. Sem dúvida, de que isso será um satisfação para o
senhor, Padre Franklin, e para a pobre senhora também. Ao passo que nós--- nós
“ ela apertou o joelho do marido---“ nós não nos importamos de forma alguma.
Ah!—mas há algo mais.”
“Tenha
a bondade, “ disse Percy, curioso em saber o que viria agora.
Vocês
Cristãos—perdoe-me se estou sendo rude—mas, sabe, vocês Cristãos têm uma
reputação de ficar contando cabeças, e tentando converter a maioria das
pessoas. Ficaremos agradecidos, Padre Franklin, se der a nós sua palavra de não
propagandear este—este incidente. Seria estressante para meu marido, e daria a
ele muitos problemas.”
“Senhora
Brand---“ iniciou o padre.
“Um
momento.. Veja que não o tratamos mal. Não houve violência. Prometemos que não
haveria discussões com minha mãe. Vai nos prometer isso?”
Percy
tinha tempo para considerar e respondeu instantaneamente.
“Certamente,
vou prometer.”
Mabel
suspirou satisfeita.
“Bem,
está tudo certo. Ficamos agradecidos… e acho que posso dizer que, talvez com a
consideração de meu marido, o senhor possa vir aqui de novo para trazer a
Comunhão—e a outra coisa—“
De
novo, um homem ao lado dela soltou um espasmo.
“Bem,
nós veremos isso. De qualquer forma, sabemos seu endereço, e podemos lhe
avisar… A propósito, Padre Franklin, o senhor vai voltar para Westminster agora?”
Ele
concordou com a cabeça.
“Ah!
Espero que consiga passar. O senhor encontrará Londres muito agitada. Talvez,
tenha ouvido---“
"Felsenburgh?"
disse Percy.
“Sim.
Julian Felsenburgh, “ disse a moça suavemente, de novo com aquela estranha
excitação nos olhos. “Julian Felsenburgh,” ela repetiu. “Ele está lá, o senhor
sabe. Ele ficará na Inglaterra por enquanto.”
Novamente,
Percy está consciente daquele leve sentimento de medo diante da menção daquele
nome.
“Eu
entendo que deva haver paz,” disse ele.
A
moça levantou-se e seu marido com ela.
“Sim,”
disse ela, quase compassivamente, “ deve haver paz. Paz afinal.” (Ela deu um
passo em sua direção e seu rosto brilhava como uma rosa em fogo. Sua mão
ergueu-se um pouco.) “Volte a Londres, Padre Franklin, e veja com seus olhos. O
senhor o verá, ouso dizer, e o senhor ainda o verá mais vezes.” (Sua voz
começou a vibrar.)” E entenderá, talvez, por que o tratamos assim—porque não
temos receio do senhor—porque queremos que nossa mãe faça o que ela quiser. Ah!
o senhor entenderá, Padre Franklin, se não hoje, amanhã, se não amanhã, pelos
menos em breve.”
“Mabel!,
clamou seu marido.
A
moça girou e colocou seus braços ao redor dele, beijando-o na boca.
"Oh!
Estou envergonhada, Oliver, meu bem. Deixe-o ir e ver por si próprio.
Boa
noite, Padre Franklin."
Ao
caminhar para a porta, ouvindo som do sino que alguém tocava naquela quarto que
deixava, virou uma vez, atordoado e desconcertado, e lá estavam os dois, marido
e mulher, de pé sob a luz, como se transfigurados. A moça que tinha seu braço
ao redor do ombro do marido, estava radiante como um coluna de fogo; e até
mesmo agora não havia mais ira no rosto do marido—nada a não ser um orgulho e
confiança sobrenaturais. Estavam ambos sorrindo.
A
seguir, Percy saiu para a calma noite de verão.
Parte 2
Percy
não entendeu nada, exceto que ele estava com medo ao sentar no transporte que o
levaria para Londres. Nem ouvia as conversas perto dele, embora estavam altas e
contínuas; e o que ouvia, pouco lhe importava.Ele só entendia que tinha havido
cenas estranhas, que Londres tinha ido a loucuras, que Felsenburgh discursara
aquela noite na Casa de Paul.
Ele
estava com medo do modo como havia sido tratado, e perguntava a si próprio
várias vezes o que havia sido inspirado aquele tratamento; parecia que ele
tinha havia estado na presença do sobrenatural; sentia um pouco trêmulo, e sintomas de muita insônia. Parecia um pouco
estranho para ele estar sentado em um trem às duas da manhã em uma madrugada de
verão.
O
veículo parou três vezes, e ele olhou para o lado de fora procurando por sinais
de confusão; por figuras que estivessem correndo ao lado das pistas, para
alguns transportes quebrados; ele ouvia mecanicamente os gritos e guinchos que vinham de todos os lados.
Ao
descer finalmente para a plataforma, ele a encontrou igual àquela que ele tinha
deixado duas horas antes. Havia a mesma correria desesperada aos trens
descarregando sua carga, o mesmo corpo morto debaixo do banco; e acima de tudo,
ao andar desamparadamente no meio da multidão, pouco sabendo para onde ele ia e
por que, havia aquela mesma informação no letreiro abaixo do relógio.A seguir,
viu-se dentro do elevador, e um minuto depois, ele estava nos degraus do lado
de trás da estação.
Lá,
também, a vista era estonteante. As luzes ainda estavam acesas, mas além delas,
havia os primeiros sinais da falsa madrugada. Na avenida que agora saía direto
para o palácio real,unia-se como um centro de teia de aranha, com a que vinha
de Westminster, o Mall e Hyde Park, estava cheia de pessoas. Nesse e no outro
lado, havia hoteis e “Casas de Prazer”, as janelas todas iluminadas, solenes e triunfantes
como se fossem receber um rei. O tumulto era grande. Era impossível distinguir
um som do outro. Vozes, buzinas, tambores, barulho de milhares de passos nas
calçadas emborrachadas.
Era
impossível se mover.
Ele
se encontrou de pé numa posição de extraordinária vantagem, no alto dos largos
degraus que levavam para a velha estação, agora um espaço aberto que juntava,
no lado esquerdo a velha rua para o palácio, e na direita Victoria Street, que
mostrava, como tudo mais, a vívida perspectiva de luzes e pessoas. À sua
direita, cortando o céu, se levantava o ápice da Catedral Campanile. Parecia
para ele que ela a tinha conhecido em alguma existência anterior.
Ele
se esqueirou mecanicamente alguns passos à sua esquerda, até que se apoiou em
uma coluna; depois esperou, tentando não analisar suas emoções e sim
absorvê-las.
Lentamente
ele percebeu que ele nunca tinha visto multidão igual aquela. Sensitivamente,
para ele parecia que ela possuia uma característica diferente. Havia um
magnetismo no ar. Havia uma sensação de um processo criativo estava em
processo, onde milhares de células individuais estivessem sendo amalgamadas e
emoções condensadas em uma única maior.
O
vozerio parecia significante apenas como a agitação deste poder criativo que
assim se expressava. Aí estava essa grande humanidade, se estendendo à sua
vista com seus braços e pernas se movimentando tão longe até onde podia ver em
todos os lados, esperando, esperando por alguma consumação—se estendendo, até
onde seu cérebro cansado podia imaginar, até todas as avenidas da vasta cidade.
Ele
não se perguntou o que as pessoas estavam esperando. Ele sabia que era por uma
revelação---por algo que coroasse as aspirações delas e fixar essas para
sempre.
Ele
tem um sentimento que já tinha visto isto antes; e. como uma criança, ele
começo a se perguntar onde isto havia acontecido, até que ele se lembrou que
tinha uma vez sonhado do Dia do Julgamento—da humanidade reunida para
encontrar-se com Jesus Cristo—Jesus Cristo! Ah! o quão pequena aquela figura
parecia para ele agora—o quão distante e real na verdade, mas insignificante
para ele próprio— o quão longe e desesperançada desta vida tremenda! Ele olhou
para cima , para Campanile. Sim; havia um pedaço da Cruz Verdadeira lá. Não havia?—um
pequeno pedaço de madeira sobre a qual um Homem Pobre havia falecido há 20
séculos… Bem,bem. Um tempo muito distante...
Ele
não entendia realmente o que estava acontecendo com ele. “Querido Jesus, seja
para mim não um Juiz, mas um Salvador,” ele sussurrava , segurando no granito
da coluna; e um pouco depois viu que era fútil aquela oração. Se fora como uma
respiração naquela imensa e vívida atmosfera de um homem. Ele tinha dito missa,
não? Esta manhã—em vestimentas brancas.—Sim; ele tinha acreditado em tudo então—desesperadamente,
mas realmente; e agora…
Olhar
para o futuro era tão inútil como olhar para o passado. Não havia futuro e
nenhum passado; era tudo um instante eterno, presente e final…
Assim,
ele se acalmou, e novamente começou a ver com seus olhos mortais.
*
* * * *
A
aurora estava subindo aos céus agora, um firme brilho que aparecia a despeito
de sua soberania não ser nada comparada com as luzes ofuscantes das ruas. “Não
precisamos do sol, “ ele sussurrava, sorrindo piedosamente; “sol nenhum ou luz
de uma vela. Temos nossa luz na terra—a luz que brilha para todos os homens…”
Campanile
parecia bem distante do que nunca agora, diante do brilho da alvorecer—cada vez mais desamparada, comparada com o bonita
iluminação das ruas.
A
seguir, ouviu sons, e parecia para ele
como se em algum lugar, bem distante ao leste, houvesse iniciado uma quietude.
Ele mexeu sua cabeça impacientemente, quando um homem atrás dele, começou a falar rapidamente e sem
sentido. Por que ele não ficava em silêncio e deixasse o silêncio
prevalecer?... Logo o homem parou, e da distância houve um som suave, que
passou pela sua direita. Não havia mais uma voz humana individual; era como se
houvesse apenas a respiração de um gigante que havia nascido; ele estava gritando
também; ele não sabia o que dizia, mas ele não conseguia ficar em silêncio.
Suas veias e nervos parecia vivos como vinho; e ao fitar a grande avenida,
ouvindo o grande tumulto se movimentar
para o grande palácio, ele sabia por que ele tinha gritado e por que
agora ele estava quieto.
Um
objeto esguio, da forma de um peixe, branco como leite, tão espectral como uma sombra, e tão bonito como o alvorecer,
apareceu a uma distância de 800 metros, virou e veio em sua direção, flutuando
sobre a própria onda de silêncio que ela havia criado sobre a curva da avenida
em asas estendidas, não menos que 6 metros das cabeças das pessoas. Houve um
grande suspiro e silêncio novamente.
*
* * * *
Quando
Percy conseguiu pensar claramente de novo—pois havia conseguido pensar apenas
mecanicamente—o estranho objeto branco chegava mais perto. Ele dizia a si mesmo que já havia visto centenas deste
antes; e ao mesmo tempo era diferente de todos os outros.
Chegando
mais perto, flutuando lentamente, como uma gaivota sobre o mar. ele podia ver o
nariz suave do objeto , seu baixo parapeito, a cabeça imóvel do condutor; ele
podia até ouvir o som suave dos mecanismos—e agora estava vendo aquilo que ele
havia esperado.
No
alto do convés central , havia uma cadeira, drapeada, também, em branco, com
algum distintivo visível atrás; e na cadeira estava a figura de um homem,
imóvel. Ele não fez sinal ao chegar, sua vestimenta escura se destacava contra
a brancura, sua cabeça se ergueu, e ele a virava para todos os lados.
Ao
chegar mais perto, na profunda imobilidade; a cabeça virou, e por um instante o
rosto estava bastante visível sob a luz suave e radiante.
Era
um rosto pálido, fortemente salientado, com o de um jovem, com sobrancelhas pretas arcadas, lábios finos,
cabelos brancos.
A
seguir, o rosto virou novamente, o condutor moveu a cabeça, e o belo objeto,
girando um pouco, passou pela esquina e subiu em direção ao palácio.
Aconteceu
um grito histérico em algum lugar, e novamente um grande lamento rompeu-se.
Fim
do Capítulo 5 – Senhor do Mundo