domingo, 29 de janeiro de 2012

O Senhor do Mundo - Capítulo 5



Parte 1

Houve um exclamação e depois um silêncio, quando uma moça alta e bonita com o rosto ruborizado e olhos cinzentos brilhantes entrou e parou, seguido por um homem a quem Percy reconheceu imediatamente pelas suas fotos. Uma pequena lamúria veio da cama, e o padre instintivamente levantou sua mão para silenciá-la.

“Ora,” disse Mabel; olhando para o homem com rosto jovial e cabelos brancos.

Oliver abriu e fechou os lábios. Ele também estava com estranha excitação no rosto. Depois, falou.

“Quem é este?” disse deliberadamente.

“Oliver,” respondeu a moça rapidamente, “este é o padre que eu vi---“

“Um padre!” disse o outro, adiantando um passo. “Ora, eu pensei---“

Percy respirou profundamente para acalmar a tensão na sua garganta.

“Sim, sou um padre," disse ele.

Novamente, houve uma lamúria vinda da cama; e Percy, fazendo meia volta para aquietá-la, viu a moça mecanicamente afrouxar a fivela do casaco sobre seu vestido branco.

"A senhora pediu que ele viesse, mãe?" disse o homem , com um tremor na sua voz, e com um impulso de todo seu corpo. Mas a garota esticou a mão.

"Calma, minha querida," disse ela. "Agora, senhor---"

"Sim, sou um padre, ," disse Percy novamente  e sem saber o que tinha dito.

"E o senhor vem até a minha casa!” exclamou o homem. Ele chegou mais perto e um tanto recolhido. “Você jura que é um padre?” disse ele. “Você esteve por aqui toda a noite?”

“Desde a meia noite.”                                                                                                       

“E você não é---“  interrompeu novamente.

Mabel ficou bem entre eles.

“Oliver,” disse ela, ainda com o ar tenso sufocado., “ não devemos discutir aqui. A pobre está muito doente. Poderia vir até embaixo, senhor?”
Percy deu um passo em direção à porta, e Oliver acompanhou  um pouco ao lado. A seguir o padre parou, virou e levantou sua mão.

“Deus a abençoe!” disse simplesmente para a figura na cama. Depois, saiu e esperou do lado de fora da porta.

Ele pôde ouvir uma conversa em tom baixo do lado de dentro; depois um murmúrio de compaixão da voz da moça; a seguir, Oliver estava ao lado dele, todo tremendo, branco como cal, fazendo um gesto ao passar por ele, em direção às escadas.

* * * * *

Tudo aquilo parecia para Percy como se fosse um sonho incrível; foi tudo inesperado, não verdadeiro para a vida. Ele estava consciente de uma enorme vergonha perante a sordidez do caso, e ao mesmo tempo, uma espécie de negligência sem fim. O pior tinha acontecido e o melhor- isto era seu único conforto.

Oliver abriu uma porta, apertou um botão e entrou pelo quarto iluminado, seguido por Percy. Ainda em silêncio, ele indicou uma cadeira. Percy sentou-se e Oliver ficou de pé diante da lareira, com suas mãos nos bolsos do casaco, levemente virado para o lado.

Percy, com seus sentidos concentrados, tomou conhecimento de todos os detalhes do quarto—o carpete verde e alto, macio debaixo dos seus pés, as cortinas finas de seda, meia dúzia de mesinhas com variedade rica de flores sobre elas, e os livros que cercavam as paredes. A sala toda estava com o cheiro forte de rosas, embora as janelas estivessem abertas e a brisa noturna mexia as cortinhas repetidamente. Era um quarto de mulher, disse para si mesmo. Depois, olhou para a figura do homem, flexionada, tensa, ereta; o terno cinza escuro não diferente do seu, a bonita curvatura do queixo, de complexão clara, o pequeno nariz, e a curva intensa de idealismo nos olhos e os cabelos escuros. Era o rosto de um poeta, disse a si, e de uma personalidade forte. Depois, virou um pouco os olhos e levantou-se quando a porta abriu e Mabel entrou, fechando-a.

Ela veio direto para seu marido, colocando uma mão sobre seu ombro.

“Sente-se, meu bem,” disse ela. “Devemos conversar um pouco. Por favor, sente-se, senhor.”

Os três se sentaram. Percy de um lado, e o marido e esposa diretamente do lado oposto.

A moça recomeçou.

“Isto deve ser arrumado imediatamente,” disse ela, “ mas não devemos fazer tragédia. Oliver, você entendeu? Você não dever fazer uma cena. Deixe isto comigo.”

Ela falou com curiosa exuberância; e Percy, para seu assombro, viu que ela era muito sincera: não havia nada de cinismo.

“Oliver, meu bem,” ela disse novamente, “não esbraveje! Está tudo bem agora. Eu vou administrar isso.”

Percy deparou-se com um olhar venenoso dirigido a ele pelo homem; a garota viu isso também, trocando de olhares entre um e o outro. Ela colocou sua mão sobre seu joelho.

“Oliver, ouça! Não olhe para este senhor de modo tão amargo. Ele não fez mal algum.”

“Mal algum!” murmurou o outro.

“Nenhum mal mesmo. O que importa no que aquela pobre figura pensa lá em cima? Mas, senhor, o senhor poderia nos dizer porque veio aqui?”

Percy inspirou novamente. Ele não tinha esperado por esta frase.

“Eu vim aqui para recepcionar a Senhora Brand de volta para a Igreja,” disse ele.

“ E o senhor o fez?”

“Fiz.”

“Poderia nos dizer seu nome? Tornaria isso mais conveniente.

Percy hesitou. Depois, determinou-se a enfrentá-la de igual para igual.

“Sim, claro. Meu nome é Franklin.”

“Padre Franklin?” perguntou a moça, com um leve toque de sarcasmo na primeira palavra.

“Sim. Padre Percy Franklin, da Casa do Arcebispo, Westminster,” disse o padre com firmeza.

“Bem, então, Padre Percy Franklin; pode nos dizer porque veio aqui? Quero dizer, quem pediu para vir?”

“A Senhora  Brand pediu.”

“Sim, mas de que maneira?”

“Isto não posso dizer.”

“Ah, muito bem… Podemos saber qual o benefício de ser ‘recebido de volta para a Igreja’?”

“Sendo recebida de volta para a Igreja, a alma se reconcilia com Deus.”

“Ah! (Oliver, fique quieto) E como o senhor faz isso, Padre Franklin?”

Percy levantou-se abruptamente.

“Isto de nada adianta, senhora,” disse ele. “Qual o propósito destas perguntas?”

A moça olhou para ele com os olhos assombrados, ainda com a sua mão no joelho do marido.

“A finalidade, Padre Franklin! Ora, queremos saber. Há alguma lei na igreja que impeça o senhor de nos dizer, há?”

Percy hesitou novamente. Ele não entendia aonde ela queria chegar. Depois, viu que ele daria vantagem a eles se acabasse perdendo a cabeça: assim, sentou-se novamente.

“Certamente que não há. Vou lhe dizer  se quiser saber. Eu ouvi a confissão da Senhora Brand e lhe dei a absolvição.

“Ah! Sim; e isso arruma tudo, então? E o que vem depois?”

“Ela deve receber  a Santa Comunhão, e ser ungida, se estiver em perigo de morte.”

Oliver contraiu-se repentinamente.

“Cristo!” disse ele.

“Oliver!” suplicou a moça. “Favor, deixe isso comigo. É melhor assim.—E então, suponho, Padre Franklin, o senhor que dar essas outras coisas para minha mãe, também?”

“Não são absolutamente necessárias,” disse o padre, sentindo, não sabia como, que ele estava disputando um jogo, fadado a perder.

“Ah! eles não são necessários? Mas o senhor gostaria de dar?”

“Eu o faria, se possível. Mas já fiz o que era necessário.”

Teve que se esforçar para manter-se quieto, depois desta frase. Ele era um homem que havia se preparado com forja de aço, mas sabia que seu inimigo estava na forma de vapor sutil. Ele simplesmente não tinha ideia do que fazer a seguir. Ele teria dado qualquer coisa para ver o homem se levatar e aguarrar sua garganta, pois a moça era demais para ambos.

“Sim,” ela disse suavemente. “Bem, é pouco provável que meu marido lhe dê permissão para o senhor vir aqui de novo. Mas estou satisfeita de que o senhor tenha feito o que achou necessário. Sem dúvida, de que isso será um satisfação para o senhor, Padre Franklin, e para a pobre senhora também. Ao passo que nós--- nós “ ela apertou o joelho do marido---“ nós não nos importamos de forma alguma. Ah!—mas há algo mais.”

“Tenha a bondade, “ disse Percy, curioso em saber o que viria agora.

Vocês Cristãos—perdoe-me se estou sendo rude—mas, sabe, vocês Cristãos têm uma reputação de ficar contando cabeças, e tentando converter a maioria das pessoas. Ficaremos agradecidos, Padre Franklin, se der a nós sua palavra de não propagandear este—este incidente. Seria estressante para meu marido, e daria a ele muitos problemas.”

“Senhora Brand---“ iniciou o padre.

“Um momento.. Veja que não o tratamos mal. Não houve violência. Prometemos que não haveria discussões com minha mãe. Vai nos prometer isso?”

Percy tinha tempo para considerar e respondeu instantaneamente.

“Certamente, vou prometer.”

Mabel suspirou satisfeita.

“Bem, está tudo certo. Ficamos agradecidos… e acho que posso dizer que, talvez com a consideração de meu marido, o senhor possa vir aqui de novo para trazer a Comunhão—e a outra coisa—“

De novo, um homem ao lado dela soltou um espasmo.

“Bem, nós veremos isso. De qualquer forma, sabemos seu endereço, e podemos lhe avisar… A propósito, Padre Franklin, o senhor vai voltar para Westminster agora?”

Ele concordou com a cabeça.

“Ah! Espero que consiga passar. O senhor encontrará Londres muito agitada. Talvez, tenha ouvido---“

"Felsenburgh?" disse Percy.

“Sim. Julian Felsenburgh, “ disse a moça suavemente, de novo com aquela estranha excitação nos olhos. “Julian Felsenburgh,” ela repetiu. “Ele está lá, o senhor sabe. Ele ficará na Inglaterra por enquanto.”

Novamente, Percy está consciente daquele leve sentimento de medo diante da menção daquele nome.

“Eu entendo que deva haver paz,” disse ele.

A moça levantou-se e seu marido com ela.

“Sim,” disse ela, quase compassivamente, “ deve haver paz. Paz afinal.” (Ela deu um passo em sua direção e seu rosto brilhava como uma rosa em fogo. Sua mão ergueu-se um pouco.) “Volte a Londres, Padre Franklin, e veja com seus olhos. O senhor o verá, ouso dizer, e o senhor ainda o verá mais vezes.” (Sua voz começou a vibrar.)” E entenderá, talvez, por que o tratamos assim—porque não temos receio do senhor—porque queremos que nossa mãe faça o que ela quiser. Ah! o senhor entenderá, Padre Franklin, se não hoje, amanhã, se não amanhã, pelos menos em breve.”

“Mabel!, clamou seu marido.

A moça girou e colocou seus braços ao redor dele, beijando-o na boca.

"Oh! Estou envergonhada, Oliver, meu bem. Deixe-o ir e ver por si próprio.
Boa noite, Padre Franklin."

Ao caminhar para a porta, ouvindo som do sino que alguém tocava naquela quarto que deixava, virou uma vez, atordoado e desconcertado, e lá estavam os dois, marido e mulher, de pé sob a luz, como se transfigurados. A moça que tinha seu braço ao redor do ombro do marido, estava radiante como um coluna de fogo; e até mesmo agora não havia mais ira no rosto do marido—nada a não ser um orgulho e confiança sobrenaturais. Estavam ambos sorrindo.

A seguir, Percy saiu para a calma noite de verão.


Parte 2

Percy não entendeu nada, exceto que ele estava com medo ao sentar no transporte que o levaria para Londres. Nem ouvia as conversas perto dele, embora estavam altas e contínuas; e o que ouvia, pouco lhe importava.Ele só entendia que tinha havido cenas estranhas, que Londres tinha ido a loucuras, que Felsenburgh discursara aquela noite na Casa de Paul.

Ele estava com medo do modo como havia sido tratado, e perguntava a si próprio várias vezes o que havia sido inspirado aquele tratamento; parecia que ele tinha havia estado na presença do sobrenatural; sentia um pouco trêmulo, e  sintomas de muita insônia. Parecia um pouco estranho para ele estar sentado em um trem às duas da manhã em uma madrugada de verão.

O veículo parou três vezes, e ele olhou para o lado de fora procurando por sinais de confusão; por figuras que estivessem correndo ao lado das pistas, para alguns transportes quebrados; ele ouvia mecanicamente os gritos e guinchos  que vinham de todos os lados.

Ao descer finalmente para a plataforma, ele a encontrou igual àquela que ele tinha deixado duas horas antes. Havia a mesma correria desesperada aos trens descarregando sua carga, o mesmo corpo morto debaixo do banco; e acima de tudo, ao andar desamparadamente no meio da multidão, pouco sabendo para onde ele ia e por que, havia aquela mesma informação no letreiro abaixo do relógio.A seguir, viu-se dentro do elevador, e um minuto depois, ele estava nos degraus do lado de trás da estação.

Lá, também, a vista era estonteante. As luzes ainda estavam acesas, mas além delas, havia os primeiros sinais da falsa madrugada. Na avenida que agora saía direto para o palácio real,unia-se como um centro de teia de aranha, com a que vinha de Westminster, o Mall e Hyde Park, estava cheia de pessoas. Nesse e no outro lado, havia hoteis e “Casas de Prazer”, as janelas todas iluminadas, solenes e triunfantes como se fossem receber um rei. O tumulto era grande. Era impossível distinguir um som do outro. Vozes, buzinas, tambores, barulho de milhares de passos nas calçadas emborrachadas.

Era impossível se mover.

Ele se encontrou de pé numa posição de extraordinária vantagem, no alto dos largos degraus que levavam para a velha estação, agora um espaço aberto que juntava, no lado esquerdo a velha rua para o palácio, e na direita Victoria Street, que mostrava, como tudo mais, a vívida perspectiva de luzes e pessoas. À sua direita, cortando o céu, se levantava o ápice da Catedral Campanile. Parecia para ele que ela a tinha conhecido em alguma existência anterior.

Ele se esqueirou mecanicamente alguns passos à sua esquerda, até que se apoiou em uma coluna; depois esperou, tentando não analisar suas emoções e sim absorvê-las.

Lentamente ele percebeu que ele nunca tinha visto multidão igual aquela. Sensitivamente, para ele parecia que ela possuia uma característica diferente. Havia um magnetismo no ar. Havia uma sensação de um processo criativo estava em processo, onde milhares de células individuais estivessem sendo amalgamadas e emoções condensadas em uma única maior.

O vozerio parecia significante apenas como a agitação deste poder criativo que assim se expressava. Aí estava essa grande humanidade, se estendendo à sua vista com seus braços e pernas se movimentando tão longe até onde podia ver em todos os lados, esperando, esperando por alguma consumação—se estendendo, até onde seu cérebro cansado podia imaginar, até todas as avenidas da vasta cidade.

Ele não se perguntou o que as pessoas estavam esperando. Ele sabia que era por uma revelação---por algo que coroasse as aspirações delas e fixar essas para sempre.

Ele tem um sentimento que já tinha visto isto antes; e. como uma criança, ele começo a se perguntar onde isto havia acontecido, até que ele se lembrou que tinha uma vez sonhado do Dia do Julgamento—da humanidade reunida para encontrar-se com Jesus Cristo—Jesus Cristo! Ah! o quão pequena aquela figura parecia para ele agora—o quão distante e real na verdade, mas insignificante para ele próprio— o quão longe e desesperançada desta vida tremenda! Ele olhou para cima , para Campanile. Sim; havia um pedaço da Cruz Verdadeira lá. Não havia?—um pequeno pedaço de madeira sobre a qual um Homem Pobre havia falecido há 20 séculos… Bem,bem. Um tempo muito distante...

Ele não entendia realmente o que estava acontecendo com ele. “Querido Jesus, seja para mim não um Juiz, mas um Salvador,” ele sussurrava , segurando no granito da coluna; e um pouco depois viu que era fútil aquela oração. Se fora como uma respiração naquela imensa e vívida atmosfera de um homem. Ele tinha dito missa, não? Esta manhã—em vestimentas brancas.—Sim; ele tinha acreditado em tudo então—desesperadamente, mas realmente; e agora…

Olhar para o futuro era tão inútil como olhar para o passado. Não havia futuro e nenhum passado; era tudo um instante eterno, presente e final…

Assim, ele se acalmou, e novamente começou a ver com seus olhos mortais.

* * * * *

A aurora estava subindo aos céus agora, um firme brilho que aparecia a despeito de sua soberania não ser nada comparada com as luzes ofuscantes das ruas. “Não precisamos do sol, “ ele sussurrava, sorrindo piedosamente; “sol nenhum ou luz de uma vela. Temos nossa luz na terra—a luz que brilha para todos os homens…”

Campanile parecia bem distante do que nunca agora, diante do brilho da alvorecer—cada  vez mais desamparada, comparada com o bonita iluminação das ruas.

A seguir, ouviu  sons, e parecia para ele como se em algum lugar, bem distante ao leste, houvesse iniciado uma quietude. Ele mexeu sua cabeça impacientemente, quando um homem  atrás dele, começou a falar rapidamente e sem sentido. Por que ele não ficava em silêncio e deixasse o silêncio prevalecer?... Logo o homem parou, e da distância houve um som suave, que passou pela sua direita. Não havia mais uma voz humana individual; era como se houvesse apenas a respiração de um gigante que havia nascido; ele estava gritando também; ele não sabia o que dizia, mas ele não conseguia ficar em silêncio. Suas veias e nervos parecia vivos como vinho; e ao fitar a grande avenida, ouvindo o grande tumulto se movimentar  para o grande palácio, ele sabia por que ele tinha gritado e por que agora ele estava quieto.

Um objeto esguio, da forma de um peixe, branco como leite, tão espectral como  uma sombra, e tão bonito como o alvorecer, apareceu a uma distância de 800 metros, virou e veio em sua direção, flutuando sobre a própria onda de silêncio que ela havia criado sobre a curva da avenida em asas estendidas, não menos que 6 metros das cabeças das pessoas. Houve um grande suspiro e silêncio novamente.


* * * * *

Quando Percy conseguiu pensar claramente de novo—pois havia conseguido pensar apenas mecanicamente—o estranho objeto branco chegava mais perto. Ele dizia a si  mesmo que já havia visto centenas deste antes; e ao mesmo tempo era diferente de todos os outros.

Chegando mais perto, flutuando lentamente, como uma gaivota sobre o mar. ele podia ver o nariz suave do objeto , seu baixo parapeito, a cabeça imóvel do condutor; ele podia até ouvir o som suave dos mecanismos—e agora estava vendo aquilo que ele havia esperado.

No alto do convés central , havia uma cadeira, drapeada, também, em branco, com algum distintivo visível atrás; e na cadeira estava a figura de um homem, imóvel. Ele não fez sinal ao chegar, sua vestimenta escura se destacava contra a brancura, sua cabeça se ergueu, e ele a virava para todos os lados.

Ao chegar mais perto, na profunda imobilidade; a cabeça virou, e por um instante o rosto estava bastante visível sob a luz suave e radiante.

Era um rosto pálido, fortemente salientado, com o de um jovem, com  sobrancelhas pretas arcadas, lábios finos, cabelos brancos.

A seguir, o rosto virou novamente, o condutor moveu a cabeça, e o belo objeto, girando um pouco, passou pela esquina e subiu em direção ao palácio.

Aconteceu um grito histérico em algum lugar, e novamente um grande lamento rompeu-se.

Fim do Capítulo 5 – Senhor do Mundo

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